Keynote

JOANA GASPAR DE FREITAS

Doutorada em História Contemporânea pela Universidade de Lisboa, é professora no Departamento de História e investigadora do Centro de História da Universidade de Lisboa. Dedica-se ao estudo das zonas costeiras, na perspetiva da História Ambiental, analisando e refletindo sobre as transformações ocorridas naquele território, sob ação humana e das forças da natureza, avaliando as suas consequências e os desafios que se colocam à sua gestão. Entre 2018 e 2024 foi coordenadora do projeto DUNES: Sea, Sand & People, financiado por uma Starting Grant do European Research Council, tendo publicado o livro A Global Environmental History of Coastal Dunes (Routledge, 2024). É co-editora da revista Coastal Studies & Society e ainda membro da comissão permanente da Rede BRASPOR, uma rede informal luso-brasileira de investigadores que trabalham sobre as zonas costeiras. Em 2014 e 2015 foi Linda Hall Library Fellow (EUA) e Rachel Carson Fellow (Alemanha).


Direito e Natureza I - Ecologia e Territórios

O encontro visa promover um diálogo interdisciplinar entre acadêmicos, ativistas, povos indígenas, comunidades tradicionais da Bahia e de Moçambique e demais interessados, abordando as complexidades das relações entre agências (humanas e não-humanas), natureza e direito. Terá como foco questões de justiça socioambiental, conflitos territoriais, preservação da sociobiodiversidade e de saberes. Além disso, pretende discutir criticamente a construção histórica dos direitos de propriedade, considerando as estruturas coloniais e neocoloniais e as formas pelas quais a tradição jurídica ocidental continua a moldar as disputas por terra e território na atualidade.


A mesa propõe um diálogo entre direito, ecologia e história para problematizar as múltiplas formas de normatividade que regulam os territórios e os bens comuns. A discussão parte do reconhecimento de que diferentes epistemologias – jurídicas, comunitárias, científicas e tradicionais – coexistem e disputam sentidos sobre a terra e a natureza. Serão debatidos os desafios do uso coletivo dos recursos naturais, a preservação de modos de vida enraizados em práticas comunitárias e a historicidade da propriedade como categoria central na conformação de desigualdades. Ao reunir distintas perspectivas, a mesa busca iluminar caminhos para uma reflexão crítica sobre justiça ambiental, pluralismo jurídico e os direitos da natureza.