Licenciado em Pedagogia pela UniSulBahia, em História pela FACE, e Mestre em Ensino e Relações Étnico-Raciais pela UFSB, Alcyone Gilberto de Brito Vieira, ou melhor, o Professor Help, quando tinha 18 anos por muito pouco não se tornou bancário no Bamerindus. O banco certamente perdeu - e uns anos depois, faliu - enquanto o Colégio Pedro Álvares Cabral, o atual CIEB, sem dúvida ganhou. Transitando entre as disciplinas em que faltavam professores, Help finalmente chegou na amada História.
Sempre imerso nas artes e em atitudes artísticas, Help se fez um arte-educador, levando múltiplas
linguagens artísticas como uma base para a construção de projetos e conhecimentos
nas escolas por onde passava. Ao mesmo tempo, ele "engolia livros, num processo de autoformação, participava de todos os
encontros de educação que surgissem, até que surgiu o curso de Pedagogia
em Eunápolis, que fiz, e ao término fiz minha graduação em História". Durante o curso de História, Help imaginava pesquisar algo que fosse
significativo para ele, até que, em um "deja vu", lembrou de uma situação da infância. "Quando criança,
eu ia pra Cidade Alta com minha avó/avô, e entrando na Igreja de Nossa
Senhora da Pena, em algazarra, escutei minha Vó D'Apena falar: não pode
fazer barulho dentro da igreja! Perguntei curiosamente: Por que, vó? E
ela respondeu: tem gente morta enterrada na igreja! Metade de mim foi
medo, e a outra metade curiosidade. Minha cabeça pipocava: por que
pessoas enterradas na igreja? E essa lembrança me levou a pesquisar o
porquê de pessoas enterradas dentro da Igreja de Nossa Senhora da Pena,
que por sua vez me levou a processos culturais de morte que me levaram às Irmandades Coloniais da Bahia. E percebi, com o João José Reis, que
a 'morte é uma festa'."
Help lecionou por anos em uma faculdade particular da cidade, além de ser
professor concursado da rede municipal de educação, e, antes de ingressar no Mestrado em Ensino e Relações Étnico-Raciais da UFSB, desenvolveu um
Projeto de Extensão sobre Memórias e Histórias de Porto Seguro. Help se preocupava "com as memórias de idosas e idosos de Porto
Seguro, que insistiam em morrer, e a quantidade enorme de alunas e
alunos que apesar de terem nascido aqui, não sabiam nada da história da
cidade, mas sabiam as histórias de Panelinha, Camacan, Arataca, Paraíso,
enfim, da região do cacau, em que a vassoura de bruxa provocou enorme
tragédia, que acabou por trazer essas famílias para minha cidade." Produziu documentários com entrevistas que
eram exibidos no Centro de Cultura e também nas escolas.
No Mestrado do PPGER pesquisou sobre memórias de mulheres idosas negras de Porto Seguro, e sobre esse tema e pesquisa saberemos mais no seminário do dia 25...
História e memória étnica de Porto Seguro
Resgates através da oralidade e da escola.
Sala Barra Velha
2o dia - 25/10/2023 20:00 - 22:00