"PATRIMONIALIZAÇÃO DOS ESPAÇOS RELIGIOSOS AFRO-BRASILEIROS NO ESTADO DA BAHIA: colonialidade, Registro Especial e resistência".
Patrimônio cultural – religiões afro-brasileiras – colonialidade - resistência
As políticas culturais são iniciadas no Brasil na década de 30 do século XX, contudo, até a década de 80 apenas os monumentos que representavam a era “pedra e cal” foram selecionados para representar o patrimônio cultural brasileiro, ou seja, os bens selecionados para representar o patrimônio cultural valorizavam o passado colonial e o tema nacional, ademais, ocorreu a objetificação da ideia de nação e a noção de patrimônio ficava restrita aos bens materiais/cultura material. Apenas em 1986 é tombado definitivamente o primeiro monumento negro, o Ilê Axé Iyá Nassô Oká (Terreiro da Casa Branca), no munícipio de Salvador. O primeiro tombamento representou pequenas rupturas na forma de pensar patrimônio cultural no Brasil, uma ruptura com o padrão branco, europeu e elitista, e as discussões empreendidas
pela sociedade, principalmente na década de 80, possibilitaram a inserção dos direitos culturais pela primeira vez no texto constitucional brasileiro. Porém, dos bens arquitetônicos tombados pelo IPHAN, 40% faz referência a matriz cristã e apenas 1% a cultura afrodescendente, incluindo os terreiros e os quilombos. A tese abordará o estudo da Política de Preservação do Patrimônio das Religiões Afro-brasileiras, com ênfase no Tombamento e Registro Especial de Terreiros de Candomblé, realizados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), e tem como eixos principais de discussões: a colonialidade, o racismo, a memória e a resistência.