LEI DO SILÊNCIO: Representações Sociais de Agentes Comunitários de Saúde acerca da Violência
Urbana.
Violência Urbana. Agentes Comunitários de Saúde. Emoções. Representações Sociais.
Este estudo teve como objetivo analisar as representações sociais construídas por Agentes
Comunitários de Saúde sobre a violência urbana. Foi realizado um estudo com abordagem
plurimetodológica, descritivo, exploratório, de caráter quanti-qualitativo, fundamentado no
referencial teórico das Representações Sociais em suas abordagens estrutural e processual,
realizado com 101 Agentes Comunitários de Saúde do município de Eunápolis, Bahia. A coleta
dos dados foi realizada em etapas; na primeira, participaram todos os 101 agentes comunitários
de saúde, onde foi possível traçar as características sociodemográficas e do trabalho dos
respondentes. Nesta etapa, os ACS também responderam à técnica de evocação livre ao termo
indutor violência urbana; Na segunda etapa participaram apenas 39 agentes comunitários de
saúde que responderam ao instrumento de caracterização da violência e de percepção da
insegurança nos seus territórios de atuação, destes apenas 30 responderam à entrevista em
profundidade, última etapa da coleta. Os dados gerados a partir das evocações livres e que
permitiram a construção do quadro de quatro casas e da árvore de similitude, foram processados
pelo software EVOC 2005. Para as entrevistas em profundidade utilizou-se o software
IRAMUTEQ através da interface Classificação Hierárquica Descendente. A estrutura de
pensamento dos agentes comunitários de saúde sobre violência urbana se organiza a partir dos
elementos centrais educação, insegurança, medo e insatisfação, que atribui à representação
sentidos negativos relativos ao posicionamento do grupo diante do agravo e suas repercussões.
A análise processual apresentou dois eixos temáticos, o primeiro eixo revelou um subeixo e três
classes e evidenciou que os conteúdos das representações trazem as dimensões das práticas,
concepções e repercussões da violência urbana no convívio familiar, social e no trabalho dos
ACS. O segundo eixo com duas classes, revelou a dimensão conceitual, pautados nas dimensões
dos sentimentos individuais e coletivos dos ACS. Desta forma, a violência urbana é algo que a
muito tempo tem permeado a vida e o trabalho dos ACS, que acabam representando o território
de atuação como um lugar relacional, de vínculos, mas que também é cercado de fragilidades,
que acabam precipitando os sentimentos de insegurança e medo. Portanto, a violência urbana
apresentou-se como um tema evitado pelos ACS mas que necessita ser tratado pelas instâncias
governamentais nos âmbitos da saúde, educação e segurança pública, a fim de vislumbrarem
estratégias de prevenção, atuação profissional e combate, adequadas para as diferentes
realidades.