“O MÉDICO PODE TER TIRADO SUAS TROMPAS E NÃO QUIS TE FALAR: ESTERILIZAÇÃO, DIREITOS REPRODUTIVOS E AUTONOMIA REPRODUTIVA (?)”.
Esterilização feminina; Justiça reprodutiva; saúde reprodutiva; direitos reprodutivos; narrativas
A partir de auto narrativas sobre os itinerários reprodutivos de mulheres esterilizadas ou que desejam se esterilizar no Sul da Bahia, busca-se refletir sobre as negociações e constrangimentos sociais para a tomada de decisões individuais dessas mulheres. Até 2018 foram 67 mil cirurgias, sendo que, destas, apenas 23% das cirurgias realizadas pelo SUS estavam conforme critérios estabelecidos pela Lei de planejamento familiar (CAETANO, 2014). Embora o indicativo que as principais desejantes e solicitantes do procedimento sejam as próprias mulheres, é importante reconhecer que quaisquer decisões pessoais, por definição, perpassam contextos sociais nos quais se forjam as possibilidades objetivas e subjetivas dessas mulheres. Com base em estudos prévios, isso nos orienta a perceber que, no contexto brasileiro, a reprodução é simbioticamente associada às mulheres, em uma perversa redução da conduta moral à conduta sexual. Deste modo, pretende-se entender quais as negociações e constrangimentos sociais para a tomada de decisões dessas mulheres. Como essas decisões incidem nos seus processos de subjetivação? Quais figuras de família, maternidade e feminilidade são mobilizadas no momento dessas decisões? Quais as participações familiares, sociais, de trabalho e das instituições em suas escolhas?