Crianças da periferia: análise dos limites e possibilidades do psicodiagnóstico infantil à luz da psicologia-hermenêutica
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psicodiagnóstico infantil; fenomenologia-hermenêutica; periferia; Criança
Este trabalho tem por objetivo investigar o psicodiagnóstico infantil como/enquanto um processo eficiente para compreender e buscar soluções para crianças denominadas problemas, residentes em territórios periféricos de Arraial d’Ajuda, no extremo sul da Bahia. O psicodiagnóstico infantil é uma ferramenta de avaliação psicológica que visa uma investigação processual para identificar os problemas da criança e fazer os encaminhamentos de acordo com o diagnóstico. Os modelos utilizados no Brasil foram criados e validados buscando contemplar a situação dessas crianças, e para isso partem do princípio que exista uma realidade comum que unifique os diferentes contextos em que essas crianças se encontram. Contudo, a realidade brasileira não é única, ela apresenta um conjunto de fenômenos diversos que ocorrem nos centros e nas periferias, os quais podem se perder diante de uma perspectiva generalista. Proponho seguir pelo conceito de habitus precário fundamentado na análise social de Jessé Souza, articulando com o pensamento heideggeriano sobre o Dasein e a crítica à essência da técnica, destacando os aspectos da Psicologia fenomenológico-hermenêutica. Desse modo, seguindo o fio investigativo da fenomenologia-hermenêutica, procuro responder a questão: em regiões periféricas, como o Arraial d’Ajuda, quais são os limites e as possibilidades do psicodiagnóstico infantil para compreender a situação das crianças consideradas problemas?