“São elas que fecham na pista, mona”: códigos, negociações, produção de sociabilidade e feitura do corpo entre travestis prostitutas em Porto Seguro, Bahia
Cultura Travesti; Sociabilidade; Feitura do corpo; Prostituição de rua; Trabalhadoras sexuais; Território de prostituição
Este estudo, de natureza etnográfica, pretendeu se atentar às minúcias da vida social de travestis que atuam ou que já atuaram como profissionais do sexo na Praça das Pitangueiras, principal ponto público de prostituição de travestis, localizado no Centro de Porto Seguro, Bahia. Teve como objetivo geral, investigar, por meio da observação participante junto às travestis que atuam ou que já atuaram na prostituição de rua na Praça das Pitangueiras, que sociabilidade é produzida e constituída por e entre elas no “fazer a pista”. Para isso, busca-se entender (i) quais são os códigos implícitos e explícitos que baseiam as relações entre as travestis que se prostituem na Praça das Pitangueiras; (ii) quais foram os caminhos trilhados que as condicionaram ou as fizeram optar pelo trabalho na prostituição; (iii) o que significa ter o “corpo feito” para o grupo; e, (iv) quais foram os impactos da pandemia da Covid-19 no “fazer a pista”. A produção de sociabilidade entre as travestis no território de prostituição da Praça das Pitangueiras, é o eixo central dessa investigação, pois a análise dessa sociabilidade foi o que deu insumos para entender como aconteciam outros processos caros ao grupo, como os “amadrinhamentos”; o compartilhamento de conhecimentos e saberes localizados sobre a “feitura dos corpos” durante a transição de gênero; os “rituais de iniciação” das travestis na prostituição de rua; a territorialização da praça até a sua transformação em um território de prostituição de travestis; a organização e o gerenciamento dos pontos; o preço que se cobra por cada tipo de serviço sexual prestado; as negociações com outros grupos que circulam ou ocupam o local; e as técnicas de autodefesa que perpassam também pela produção e manutenção de um dialeto próprio, o Pajubá