A trajetória de vida das cacicas Tupinambá de Olivença-Ba: gênero, identidade e práxis educativa
cacicas, liderança, gênero, identidade, educação
Este trabalho trata da atuação política das cacicas Tupinambá de Olivença-Bahia, Brasil e dos processos vivenciados por elas até chegar a essa posição. Em minha vivência, notei que a existência de três cacicas em nosso povo, parece pouco comum comparado a outras etnias, fazendo-se necessário um olhar aprofundado sobre a atuação marcante dessas mulheres nesse espaço de pouca presença feminina. O presente estudo pretende responder a seguinte questão: Quais elementos marcam a trajetória das cacicas Tupinambá de Olivença-Ba e dão sustentação para sua atuação política? Na tentativa de responder esse questionamento, utilizo como metodologia a história de vida das três cacicas Tupinambá e a pesquisa bibliográfica. O eixo de análise está focado nas categorias: Gênero, Identidade e educação, à luz dos teóricos Paredes (2013), Lorena Cabnal (2010), Moita Lopes (2002) Hall (1992,2000,2002), Paulo Freire (1987), Marilena Chauí (1985) e Adorno (1995, 2003). Como resultados, em breves palavras, posso considerar que as cacicas combatem o machismo originário com sua própria presença, persistência e liderança. Suas identidades foram constituídas nas relações sociais, nas quais estiveram expostas dentro e fora do povo e pelas circunstâncias históricas. Foi por meio do processo de construção de significados nas práticas discursivas com o outro, que as cacicas se tornaram conscientes de quem eram, construindo suas identidades sociais. A educação foi um dos elementos que se mostrou decisivo para desvelar a opressão, fazendo com que elas e o povo se comprometessem na práxis com a transformação da realidade vivida. Nessa perspectiva, as cacicas Valdelice, Ivonete e Jesuína são consideradas educadoras populares, de acordo com a concepção de Dickmann e Dickmann (2017), isto é, líderes que motivam, acompanham e assessoram grupos populares enfrentando e superando os dilemas que os oprimem.