“O NEGO TÁ VADIANDO, NEGO VEIO VADIAR”: Memória, tradição e cultura popular do Grupo de Capoeira Liberdade em Medeiros Neto-BA
Capoeira; Cultura; Memória; Narrativas Orais; Educação.
A proposta central desta pesquisa terá como foco a história do Grupo de Capoeira Liberdade no município de Medeiros Neto-BA, considerando as memórias individuais e coletivas dos agentes que compõem a capoeira e que, por vezes, foram silenciadas e/ou invisibilizadas no município também por condições do racismo. Nessa perspectiva, buscaremos compreender a partir das narrativas orais dos mestres e professores de capoeira, as experiências, as subjetividades e as heranças histórico-culturais que foram repassadas por seus mais velhos e que são vivenciadas na contemporaneidade. A pesquisa apesentará uma abordagem metodológica da História Oral, uma vez que buscará interpretar e compreender a cerca das experiências, vivências e saberes dos envolvidos e quais os significados e sentidos que o Grupo de Capoeira Liberdade atribui para a cultura regional-local e para as Relações Étnico-Raciais. Destacamos aqui, que a supracitada pesquisa será pioneira, pois não possuem registros escritos de cunho acadêmico para a produção destes conhecimentos sobre o grupo em estudo. Consoante a isso, Portelli (1997) considera que a história oral, ao trazer evidências sobre o passado, converte as falas dos narradores em instrumentos com os quais podemos interpretar e escrever a história. A construção e composição dos relatos que serão produzidos a partir das narrativas terão suas bases nas perspectivas da etnografia exposta por Clifford Geertz (1989). Através das epistemologias negro-africanas e afro-brasileiras, buscaremos nos escritos e narrativas compreender ainda as relações que o grupo de capoeira pesquisado possui com a cultura afro-brasileira e em que medida esta poderá de algum modo exercer um papel na produção do conhecimento antirracista e de reconhecimento e valorização da cultura afro-brasileira no âmbito regional-local dos envolvidos. Como produto final, caberá a produção de um inventário histórico-cultural, pois a proposta será a de construir um documento vivo e que seus agentes consigam reconhecer suas histórias de memórias.