PRÁTICAS DE ENSINO APRENDIZAGEM AFIRMATIVAS NO ENSINO DA BIOLOGIA E AUTO IDENTIFICAÇÃO ÉTNICA
educação decolonial; ensino de biologia; fortalecimento étnico-racial; educação antirracista; afroempreendedorismo.
O colonizador marcou a população negra e os seus descendentes por meio da imposição de características fenotípicas desqualificadoras, além de atacá-los pela escravização, em seus princípios basilares de liberdade de expressão, cultura, linguagem, religião entre outros. Através do falseamento científico de raça inferior e o embasamento de que não possuíam alma. Forçados ao silenciamento, os negros e seus descendentes foram/são oprimidos pelo racismo, à esconderem suas características ancestrais, étnico raciais, através do “embranquecimento” constrangido como forma de sobrevivência aos entraves sofridos por todos. O ambiente educacional é notadamente reconhecido por ser um forte tencionador negativo aos negros e seus descendentes, através das estruturas sócio escolar vigentes e uma educação neocolonial, sobretudo na Biologia. Com isso este trabalho versa sobre práticas de ensino e aprendizagem afirmativas no trabalho com o conteúdo de Ciências Biológicas, sua contribuição para o fortalecimento fenotípico e a auto identificação fenotípica dos afrodescendentes no ambiente educacional formal. Tendo como objetivo geral, avaliar os processos que envolvem a auto aceitação fenotípica e consequentemente auto identificação racial, se busca caracterizar os mecanismos de fortalecimento gerador de sua identificação positiva no ambiente escolar. Foram estabelecidos quatro (4) objetivos secundários, sendo o primeiro, reconhecer as relações positivas e negativas à auto aceitação fenotípica no ambiente escolar, conforme os preconceitos científicos e sua desconstrução. O segundo, realizar uma feira afroempreendedora no ambiente escolar como evento assertivo, quanto ao futuro da empregabilidade e carreira discernido pelos discentes. O terceiro, caracterizar as práticas de ensino aprendizagem restritivas ou fortalecedoras da autoaceitação e sua relação com os conteúdos ensinados historicamente da Biologia. E o quarto, documentar o processo pedagógico decolonial de ensino-aprendizagem, no ensino de Biologia ocorrido nas práticas pedagógicas desenvolvidas. A sua metodologia segue por meio de uma pesquisa-ação, empírica, através de um estudo de caso tendo como participantes discentes do Centro Estadual de Educação Profissional e Tecnológica em Biotecnologia e Saúde - CEEP. Utilizando-se como meio geradores, oficinas de sensibilização, formação de grupos de discussões, rodas de conversas e questionários. Sendo os resultados trabalhados através de uma análise de conteúdo e uma abordagem quali-quantitativa. Neste processo foram relatadas as tensões negativas inerentes ao ambiente educacional, bem como as ações afirmativas fortalecedoras do indivíduo negro. A Feira Afroempreendedora foi tida como um momento importante para o empoderamento dos indivíduos negros e seus descendentes. E o Ensino de Biologia foi reconhecido por ser eurocêntrico, porém ao ser trabalhado de forma decolonial, os participantes declararam serem inovadoras e positivas as abordagens realizadas, tanto no aspecto identitário, quanto referente à construção do conhecimento científico. Podendo-se afirmar que as práticas de ensino e aprendizagem afirmativas nos conteúdos de Biologia, contribuem para o fortalecimento fenotípico e a auto aceitação fenotípica e identificação étnico racial dos afrodescendentes no ambiente educacional formal. Pesquisas futuras podem abordar o ensino de Biologia decolonial em outras realidades, e/ou apenas uma habilidade e/ou competência, permitindo maiores diálogos e caminhos a serem seguidos, além da formação de professores.