ADENTRANDO A MATA (O MATO) E (DES) FAZENDO LAÇOS - CARTAS COM HISTÓRIAS DE INDÍGENAS MULHERES NO EXTREMO SUL DA BAHIA
Indígenas mulheres; histórias; Cartas; Extremo Sul da Bahia
Este caminhar [pesquisa] teve como objetivo geral elaborar esta coletânea de cartas com as histórias de indígenas mulheres no Extremo Sul da Bahia, colaborando com a luta das mulheres indígenas pelo direito de existir [lutando contra o etnocídio, genócidio, patriarcado, capitalismo - colonialidade], pelo Bem Viver que é contracolonial (Kayapó, 2023), bem como com escrita de histórias outras, e o cumprimento da Lei nº11.645 de 2008. Partindo da inquietação com a narrativa/expressão “minha avó era índia, foi pega no laço, no mato, a dente de cachorro” comumente falada no citado território, e em outros lugares do Brasil. Território este marcado por conflitos diários entre os povos indígenas e não indígenas, os primeiros lutam pelo direito de existir desde a invasão de 1500. Esse caminhar se deu por meio das cartas como metodologia de pesquisa, tanto no fazer como no registrar, tendo como aporte teórico Glória Anzaldúa (2000), Conceição Evaristo (2020), Adriana Pesca (2020), Linda Smith (2018), Saidiya Hartman (2020) dentre outras. O caminhar mata adentro foi em companhia de duas avós indígenas, d. Dadá e D. Geamina, e também de Kevelin, Carla, Stefane, Hieragã, San, Mirian, Rachel e Aline - netas e/ou bisnetas de indígenas mulheres, que por meio de cartas contaram as histórias de suas avós e bisavós, possibilitando a quebra do silêncio e denúncia no que diz respeito a violência da expressão/narrativa citada e o conhecimento de histórias outras destas mulheres, conhecendo sobre suas origens, rezas, conhecimentos (plantas, animais, alimentação, cura…), resistências, história de seus territórios, ancestralidade - o viver delas é contracolonial, pois mesmo submetidas a colonialidade, carregam em seus corpos-territórios (Borum-Kren, 2023) seu modo de existir e suas histórias - que chegaram até este tempo/espaço, e nos inspiram e ensinam