A escrevivência de Conceição Evaristo em diálogo com as vivências de alunas negro-brasileiras: um entrecruzar de narrativas
literatura; escrevivência; subjetividades.
A presente pesquisa teve como objetivo principal entrecruzar as escrevivências selecionadas de uma das produções mais percucientes da escritora Conceição Evaristo – o livro Olhos d’Água (2014) – com as trajetórias das alunas negras do Centro Territorial de Educação Profissional do Extremo Sul, numa perspectiva dialógica entre a ficção e a vida real, de modo a registrar como a leitura dos contos pode modificar as subjetividades da mulher afro-brasileira periférica dessa região baiana. Tratou-se de uma investigação desenvolvida no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Ensino e Relações Étnico-Raciais da Universidade Federal do Sul da Bahia. Propôs-se utilizar a escrevivência como método para a pesquisaintervenção, fundamentando-se na análise das narrativas das discentes, a partir da leitura e recepção dos contos selecionados da obra evaristiana. Buscouse, com isso, abordar a realidade socioeconômica, cultural e de gênero das estudantes, a fim de problematizar os efeitos das desigualdades referentes à raça, gênero e classe, bem como as suas implicações nas expectativas de vida dessa população feminina, por meio de uma voz autobiográfica e testemunhal que revela seu potencial de agenciar emocionalidades e romper com posições outrora subalternas e invisibilizadas.