CRIANÇAS E VISUALIDADES: ENCRUZILHADAS DO TERREIRO, DA ESCOLA E DO ENSINO DA ARTE
Ensino de arte, Educação em terreiros; Crianças
Este trabalho de pesquisa apresenta os resultados da investigação “CRIANÇAS E VISUALIDADES: ENCRUZILHADAS DO TERREIRO, DA ESCOLA E DO ENSINO DA ARTE” a partir da organização de oficinas de Fotografia Artesanal da Latinha (pinhole) realizadas junto as criancas que frequentam o terreiro e a escola de Educação Básica como forma de produzir e capturar as visualidades feitas por estas crianças, observando a necessidade de renovação do Ensino da Arte na esfera da Lei 10.639/2003. A metodologia de natureza qualitativa evidenciou a questão norteadora: como a escola relaciona com as crianças de Terreiro e como as crianças de Terreiro se relacionam com a escola. Para valorizar a condição da criança de terreiro, por compreendermos que a educação de crianças nos terreiros, a fotografia como possibilidade da arte, a estética euronormativa e o ensino da arte, articulados, nos possiblita reflexões de ensino antirracista na esfera da Lei 10.639/2003. Ao teritorializarmos o Ensino da Arte junto ao Terreiro para a realização das oficinas, pretedemos corroborar com o empoderamento das crianças no processo educativo e se afastando de um padrão euronormatizado de artista e de obra de arte. O trabalho destacou que a oficinas revelaram a capacidade da própria imagem de traduzir sentidos profundos por si mesma, transportando um olhar distante para a criança para um tratamento estético antirracista e sensível ao mundo infantil. As análises apontam para a necessidade da formação docente crítica e antirracista, como forma de promover práticas pedagógicas que valorizem a diversidade étnico-racial, a desconstrução de estereótipos e preconceitos e que levem em consideração a cosmopercepção das crianças, principalmente as crianças de terreiro. As impressões coletadas nos questionários descritivos, vídeos de artistas junto as crianças de Terreiro no momento das oficinas, evidenciou a colonialidade do Ensino da Arte, ao apoiar-se apenas nas narrativas canônicas e nas artes visuais como campo fechado de uso restrito das camadas mais abastadas em um mundo circunscrito às elites. Como produto educacional organizamos uma espécie de catalogo com as visualidades das crianças produzidas no momento das oficinas no Terreiro de Umbanda Pai Benedito em Helvécia, Bahia. Ao desconstruir brincadeiras racistas e estereotipos observados na sala de aula do ensino de artes, buscamos combinar arte, beleza e alegria manifesta pela surpresa da revelação da fotografia analógica. Os conteúdos de dimensão semiótica foram complementados por recurso que mostram como as crianças podem construir outos significados diante da discriminação dos espaços de culto de matriz africana, sobre raça e preconceito.