As práticas docentes na Educação de Jovens e Adultos no Grupo Escolar Ewerton Chaloup em Itabuna/BA e seus atravessamentos
EJA; Políticas educacionais; Práticas docentes; Sequências didáticas, Educação antirracista.
A dissertação investiga as práticas pedagógicas na Educação de Jovens e Adultos (EJA), com ênfase nas questões de raça, classe e gênero, tendo como campo empírico o Grupo Escolar Ewerton Chaloup, situado na periferia da cidade de Itabuna/BA. A pesquisa parte da constatação de que a EJA é um espaço ocupado majoritariamente por sujeitos negros, por trabalhadores(as), mães solos e pessoas trans, historicamente marginalizados(as) pelo sistema educacional brasileiro. No primeiro capítulo, são apresentados os itinerários históricos da EJA no Brasil, desde o período colonial, destacando-se os modelos educacionais excludentes e os avanços trazidos por Paulo Freire e pelos movimentos sociais. Ressalta-se a presença de uma EJA desvalorizada, ainda marcada por políticas compensatórias, ausência de estrutura e evasão, mas também por práticas de resistência. O segundo capítulo dedica-se a discutir o entrelaçamento entre o movimento negro e as políticas educacionais na Bahia, analisando os impactos do racismo estrutural nas trajetórias escolares e a necessidade de currículos interseccionais. É apresentado o contexto histórico da EJA no sul da Bahia e a escolha do Grupo Escolar Ewerton Chaloup como campo de pesquisa. Como abordagem metodológica, utilizou-se a pesquisa-ação articulada com a Análise do Discurso, para compreender como as práticas docentes lidam (ou não) com as relações étnico-raciais, conforme a Lei 10.639/2003 e a 11.645/2008. No terceiro capítulo, são analisadas entrevistas com docentes da EJA e observações em sala de aula. Os relatos revelam tensões entre o currículo oficial e as realidades dos(as) estudantes. Professores(as) denunciam a ausência de formação específica, a inadequação dos materiais didáticos e o impacto do racismo institucional na evasão escolar e na saúde mental dos(as) estudantes negros(as). Ainda assim, surgem práticas pedagógicas significativas, comprometidas com a escuta, a valorização das identidades negras e a construção de uma educação antirracista. A dissertação propõe a EJA como um espaço de (re)existência, onde práticas educativas críticas podem fortalecer os sujeitos historicamente excluídos. Há uma urgência de políticas públicas interseccionais e o reconhecimento do papel político e formativo da EJA como direito social e caminho de equidade racial. O produto educacional da pesquisa é um e-book com sequências didáticas voltado para professores(as) da EJA, organizado em três blocos temáticos: Racismo, Gênero e Classe, com atividades para o trabalho escolar interdisciplinar sobre relações étnico-raciais.