ALBINISMO E PERTENCIMENTO RACIAL: UMA ANÁLISE DE APAGAMENTOS E VIVÊNCIAS
Albinismo; identidade racial; autodeclaração; pertencimento; invisibilidade social.
Esta pesquisa, realizada em Itabuna-BA e localidades vizinhas, teve como objetivo compreender como se manifesta a invisibilidade social das pessoas albinas, analisando autodeclarações raciais, experiências de discriminação e políticas públicas. Adotou-se uma abordagem qualitativa, com aplicação de questionários semiestruturados a dez participantes, complementados por revisão bibliográfica, análise documental e levantamento de dados demográficos. Os resultados apontam que as categorias raciais tradicionais não abarcam a experiência das pessoas albinas, gerando ambiguidades e contradições no processo de autodeclaração. A pesquisa evidencia lacunas nas políticas públicas, especialmente no acesso à saúde, à educação e à proteção social. A fundamentação teórica da pesquisa dialoga com diferentes campos do conhecimento. No eixo social e identitário, destacam-se Aragão (2021, 2023) e Magalhães (2021), que introduzem os conceitos de albinitude e problematizam a experiência social do albinismo, articulando pertencimento e exclusão. Devulsky (2021), Munanga (2004) e Kilomba (2019) oferecem subsídios sobre colorismo, mestiçagem e racismo cotidiano, ampliando o debate sobre como corpos albinos tensionam categorias raciais. No campo da saúde, Sano (2025), Fernandes et al. (2024) e Moreira (2013) abordam especificidades clínicas do albinismo. No âmbito jurídico e político, Borcat e Severino (2022) discutem o direito à diferença. A construção do produto educacional consistiu na elaboração de um vídeo documentário que reuniu depoimentos de pessoas com albinismo residentes em Itabuna e região, além de entrevistas com profissionais da saúde. O material buscou articular vivências pessoais e análises técnicas, evidenciando tanto os desafios médicos relacionados à condição genética quanto às dimensões sociais que atravessam o cotidiano dessas pessoas. Entre os temas abordados, destacam-se a invisibilidade social, as dificuldades de acesso a direitos, o pertencimento racial e os estigmas enfrentados no convívio social. O documentário foi construído como ferramenta de sensibilização e conscientização, com a proposta de dar visibilidade às vozes historicamente silenciadas e contribuir para o fortalecimento da luta por reconhecimento e inclusão das pessoas com albinismo.