INTRUSÃO SALINA NO ESTUÁRIO DO RIO BURANHÉM (SUL DA BAHIA) ATRAVÉS DE MODELAGEM NUMÉRICA.
interação continente-oceano, bacias hidrográficas, Costa do Descobrimento, Delft3D, zonas costeiras.
O município de Porto Seguro, Bahia, é um conhecido destino turístico no Brasil. Contudo, sua infraestrutura urbana fica sobrecarregada, especialmente durante o verão. A população flutuante anual é aproximadamente 10 vezes maior do que sua população fixa. A combinação entre o crescimento das populações fixa e flutuante, no médio e longo prazo, pressionarão ainda mais o saneamento do município, tornando-se indispensáveis estudos que possam prever os possíveis impactos ambientais para auxílio no planejamento urbano. Até 2025, de acordo com a Agência Nacional de Águas, estima-se que o rio Buranhém também passe a ser utilizado como manancial de abastecimento para a cidade. O estuário possui tendência à diminuição da vazão fluvial,principalmente pela degradação florestal na bacia hidrográfica e influência de fenômenos como o El-Niño Southern Oscillation (ENSO). Sua vazão sofre grande variação anual, sendo a vazão média anual histórica de 22 m³.sˉ¹. A região é submetida a um regime de micromaré e mesomaré astronômica com variações acima de 2 m, com velocidades médias próximas a 0,4 m.sˉ¹ na enchente e 1m.sˉ¹ na vazante. O presente trabalho tem por objetivo geral o estudo da intrusão salina no estuário do rio Buranhém em cenários de vazões mínimas registrados em séries históricas. Para isso, foi realizada a implementação de um modelo numérico hidrodinâmico, como subsídio ao planejamento do saneamento local e contribuir com estudos relacionados ao transporte de sedimentos e qualidade da água. Foram simulados cenários sob diferentes condições de maré e vazões fluviais. O modelo foi calibrado e validado através de dados de campo de velocidade de correntes, variação do nível de água e salinidade de superfície e fundo, observados com o auxilio de CTD’s e ADCP’s, fundeados em três pontos fixos localizados no estuário. O dados observados de salinidade demonstram um ambiente mais estratificado na maré de quadratura em comparação com a maré de sizígia, enquanto o modelo apresentou características de um ambiente bem misturado tanto na maré de quadratura como na sizígia. Os dados de campo e os resultados modelados foram comparados quantitativamente através do parâmetro Skill. Para efeito de análise da intrusão salina, além das marés típicas da região, o modelo foi forçado com vazões mínimas registradas em séries históricas (2, 4, 6 m³.sˉ¹) e em uma condição de vazão mínima extrema de 0,2 m³.sˉ¹. Como resultados, foram obtidos valores médios de Skill superiores a 0,97 para o nível de água, sob marés de quadratura e sizígia com variações de 1 m a 2,15 m respectivamente. Os resultados de salinidade de superfície e fundo foram de valores médios Skill superiores a 0,90, enquanto os de velocidades horizontais, com valores médios Skill superiores a 0,77. Os dados de campo apresentaram uma intrusão salina de 9,4 km, sob um regime de descarga fluvial de ~12 m3.s-1, já o modelo representou uma intrusão salina na condição de vazão mínima extrema e maré de sizígia de aproximadamente 17 km a montante da foz do estuário. Nas simulações com vazões mínimas de (2, 4, 6 m³.sˉ¹) a intrusão foi diminuindo gradativamente com resultados de 13, 11 e 9,5 km, respectivamente. A se confirmar o cenário de uso do rio Buranhém como manancial para abastecimento de água em Porto Seguro, estudos como este são referência para determinar uma região de captação mais segura.