Influência do uso e ocupação do solo na disponibilidade hídrica da bacia do rio Buranhém
Geoprocessamento, comportamento hidrológico, morfologia, desmatamento, modelagem estatística.
Os usos e ocupações do solo estão direta ou indiretamente relacionados aos principais impactos que causam degradação ambiental, merecendo atenção especial os impactos nas bacias hidrográficas. Este trabalho buscou verificar a influência da alteração do uso e ocupação do solo na disponibilidade hídrica da bacia do rio Buranhém, localizado na IV Região de Planejamento e Gestão das Águas do estado da Bahia. O trabalho foi dividido em três etapas: I. Análise temporal do uso e ocupação do solo; II. Estudo do comportamento hidrológico; e III. Análise conjunta dos dados hidrológicos e uso e ocupação do solo via correlação. Para delimitar a área de estudo foi confeccionado um Modelo Digital de Elevação Hidrologicamente Consistente (MDEHC) usando imagens raster da base SRTM. Os dados hidrometeorológicos foram obtidos de séries das estações pluviométricas e fluviométricas com área de influência na bacia. Estas foram importadas no sítio eletrônico da Agência Nacional de Águas (ANA), e usadas para determinar as séries de vazões anuais médias, mínimas e máximas e de permanência e séries de precipitação total anual. Os dados de uso e ocupação do solo para 1990, 2001, 2007 e 2013 foram disponibilizados pelo Fórum Florestal do Extremo Sul da Bahia, e os dados anuais de cobertura e uso do solo para o período de 1985 a 2017 foram importados na plataforma do projeto MapBiomas. O desmatamento na região precede o período do estudo, visto que desde o primeiro ano a pastagem já era a matriz da paisagem, principalmente na região do alto curso do Buranhém, entre 1985 e 1991 a perda de vegetação nativa, foi expressiva, sendo substituída por pastagem, que começou a ser substituida após 2001 pelo monocultivo do Eucalipto e vegetação florestal em estágio inicial de regeneração. Os resultados demonstraram que o rio é pouco regularizado, com forte influência da precipitação anual, que por sua vez apresenta variabilidade possivelmente relacionada ao fenômeno El Niño (ENOS). As análises de correlação demonstraram relação inversa entre a vegetação florestal e as vazões de permanência Q50 e Q95, o que significa que o crescimento da vegetação diminui a disponibilidade de água devido ao aumento da evapotranspiração. A influência da Floresta Ombrófila Densa, assim como os usos do solo, não foram demonstrados devido às limitações metodológicas, sendo um tema importante para o avanço no conhecimento sobre esta temática, por outro lado, as fortes correlações entre as vazões e precipitação demonstraram a possibilidade de gerar um modelo empírico de transformação chuva-vazão.
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