Cartografia agroecológica: concepções teórico-metodológicas e a experiência aplicada na Costa do Descobrimento, Bahia, Brasil
Agroecologia. Certificação orgânica. Ciências ambientais. Planejamento ambiental. Sistemas Participativos de Garantia.
Existem algumas iniciativas de agricultura orgânica e agroecológica na região da Costa do Descobrimento, embora sejam escassos dados sobre a abrangência, aspectos sociais, ambientais e econômicos das mesmas. Este trabalho desenvolveu uma Cartografia Agroecológica, visando caracterizar e espacializar as unidades produtivas agroecológicas certificadas de forma participativa, na Costa do Descobrimento. Primeiro, foi feita uma análise sobre a produção orgânica no Estado da Bahia, por Territórios de Identidade, com base nos dados do Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos, observando a série espaço-temporal dos anos de 2014 a 2020 e os tipos de entidades certificadoras atuantes. Constatou-se que a produção orgânica baiana cresceu muito, tendo tido forte adesão aos Mecanismos de Controle Social a partir de 2015 e aos Sistemas Participativos de Garantia, a partir de 2017. Na Costa do Descobrimento, somente três municípios têm produtores orgânicos certificados: Belmonte, com dois registros associados a certificação orgânica por auditoria empresarial; e, Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália, que concentram produção agroecológica certificada de forma participativa. O segundo artigo consiste em uma revisão integrativa de literatura sobre o termo “Cartografia Agroecológica”, e uma proposta teórico-metodológica para o mesmo, com base na literatura de planejamento ambiental. A revisão integrativa indicou que ainda não existia uma proposição teórico-metodológica sobre a terminologia. A proposta, interpreta a cartografia agroecológica como um instrumento ou ferramenta de planejamento ambiental, seguindo preceitos metodológicos associados a esse processo. Considerando isso, no terceiro artigo, realizou-se a aplicação da cartografia agroecológica na Costa do Descobrimento seguindo as etapas propostas: articulação social, definição de recursos, delimitação da unidade de análise, delimitação da área de influência, levantamento de dados, elaboração dos mapas e publicação dos mapas. Os resultados apontam que áreas visitadas, somam 21 hectares de área agroecológica certificada e que as propriedades analisadas estão muito próximas a importantes fragmentos florestais de Mata Atlântica, com inúmeras nascentes e corpos d’água em seu entorno; por meio do levantamento de indicadores sociais, ecológicos e econômicos, verificou-se diversos serviços ecossistêmicos favorecidos pela produção agroecológica, evidenciando alto índice de sustentabilidade destas unidades produtivas. A produção cartográfica favoreceu um melhor entendimento sobre as relações das unidades de análise com UC’s, nascentes, corpos d’água, terras indígenas, assentamentos rurais e demais elementos do território, o que deve colaborar com tomada ações no planejamento ambiental regional. Concluiu-se que o desenvolvimento socioambiental regional para a transição agroecológica, depende de projetos de longo prazo e de estudos ainda mais acurados sobre a produção orgânica e agroecológica local. As instituições que financiam projetos na região, devem centrar esforços na Assistência Técnica Rural Agroecológica para agricultura familiar, assim como em pesquisas científicas que visem monitorar a diversidade de fauna, vegetal, assim como o clima e demais elementos associados aos agroecossistemas sustentáveis da Costa do Descobrimento.