Unidade de Conservação, Câmara Temática de Educação Ambiental e diálogos com Espinosa: Rumo às Sociedades Sustentáveis?
Educação Ambiental Crítica, Potência de Agir, Participação, Políticas Públicas.
Com a crise da modernidade, ditada pelo consumo alienante e uso inconsequente dos recursos naturais, políticas públicas ambientais foram necessárias para mediar a relação entre a natureza e a sociedade. Considera-se o Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC e a Política Nacional de Educação Ambiental – PNEA duas dessas políticas. Neste trabalho, temos o estudo de caso de uma Unidade de Conservação - UC classificada como Parque Nacional (PARNA): o Parque Nacional do Pau Brasil (PNPB). Nosso objetivo geral é contribuir para a construção de sociedades sustentáveis através da análise de possíveis nexos entre a constituição de um colegiado socioambiental – Câmara Temática de Educação Ambiental (CTEA) – de uma Unidade de Conservação e o aumento da potência de agir deste coletivo e dos envolvidos no processo de sua fundação e de seu funcionamento. Potência de agir é um conceito que foi elaborado pelo filósofo holândes Espinosa, com isso, realizamos a análise dos resultados sob a ótica de sua filosofia. Para a execução da metodologia adotamos o estudo de caso e as seguintes ferramentas: triangulação, análise documental, entrevistas narrativas e a análise textual discursiva. Assim, respondemos à pergunta problema deste trabalho: “A fundação de um colegiado socioambiental, em uma Unidade de Conservação, pode aumentar a potência de agir dos envolvidos nesse processo?” Observamos através da análise dos resultados que sim é possível, porém houve e ainda há muitos desafios a serem superados como a falta de comunicação, a sobrecarga dos gestores da UC, além do desmonte político ambiental e a pandemia que dificultaram muito as atividades da CTEA durante o período da pesquisa. Constatamos a relação direta entre a participação e a potência de agir, refletindo em uma aproximação entre a UC e a comunidade de seu entorno. Verificamos ainda que quando se oportunizam espaços de diálogo e participação em uma UC ocorrem diversos desdobramentos positivos para as pessoas envolvidas, aumentando sua confiança e consequentemente advêm desdobramentos positivos para a UC através de projetos socioambientais executados por esses atores, agora potentes. Essa pesquisa se constitui em uma possível ferramenta no auxílio para a construção de sociedades sustentáveis, na qual todos e todas são atores participativos.