Experiências e Percepções da População de Teixeira de Freitas Acerca da Vivência Comunitária e da Criminalidade: um olhar em face da teoria da eficácia coletiva no bairro de São Lourenço
Eficácia Coletiva. Bairros. Vizinhança.
A criminalidade no mundo e no Brasil tem sido investigada demonstrando a associação das altas taxas com diversos fatores, dentre os quais podem ser citados: o processo de urbanização/configuração de bairros, desigualdades econômicas, impessoalidade das relações, mudanças na estrutura familiar, fácil acesso a armas de fogo, violência policial, estresse social, entre outros. Esta pesquisa trata das experiências e percepções da população de Teixeira de Freitas acerca da vivência comunitária e da criminalidade, sob o olhar da teoria da eficácia coletiva no bairro de São Lourenço. Os teóricos da eficácia coletiva argumentam que a alta de criminalidade floresce não por causa da alta desordem da vizinhança, mas sim, como resultado de um baixo senso de comunidade para o bem público e baixa capacidade de ação coletiva para o bem comum. O objetivo geral é realizar pesquisa entre os moradores do bairro de São Lourenço e identificar as percepções deles sobre a realidade social local, bem como apontar os aspectos da convivência que interferem nos comportamentos e atitudes dos moradores, num olhar em face da teoria da eficácia coletiva e vizinhança, buscando compreender e explicar o problema da criminalidade. A metodologia foi desenvolvida em três etapas, inicialmente, a revisão bibliográfica sobre o tema, aportando o referencial teórico; num segundo momento, foi aplicado questionário a 271 pessoas no bairro São Lourenço, com visitação aos domicílios, conforme configuração dos setores censitários do IBGE/2010, o que permitiu aleatoriedade, e foram analisadas as respostas de forma descritiva de características da identidade social, bem assim das dimensões da teoria da eficácia coletiva – confiança, coesão e controle – traçando aproximações e distanciamentos desse referencial com a criminalidade e características dos moradores e do bairro. A terceira etapa, com dados qualitativos, constituiu-se na realização de grupo focal sobre os resultados dos questionários. Trata-se, portanto, da construção de um importante banco de dados a fim de fornecer informações suficientes sobre as percepções acerca da prevalência de certos tipos de crimes e o grau de conhecimento e avaliação da população com relação às estruturas locais. Os resultados demonstraram que o referencial da teoria da eficácia coletiva emerge do imaginário coletivo as subjetividades individuais como “um sentimento de segurança” a despeito dos índices reais de criminalidade; fica constatada a associação significativa entre as variáveis sociodemográficas e as dimensões de confiança e controle, notadamente, em face do tempo de moradia no bairro. A pesquisa tem o escopo também de, para além da pretensão exploratória, com suporte na sociologia, buscar construir explicações válidas para o cenário da comunidade local.