O reconto de cor e de identidade: Memórias, vivências e afroidentidades no Campus Paulo Freire
Relações Étnico-raciais. Campus Paulo Freire. Narrativas. Identidades.
Neste estudo discutimos as relações étnico-raciais na Universidade Federal do Sul da Bahia, Campus Paulo Freire, e o papel das ações afirmativas no processo de formação e transformação dos indivíduos no ambiente universitário. Este estudo origina-se a partir das reflexões realizadas com os estudantes cotistas, problematiza a estima e o estigma (GOFFMAN, 1975) de ser negro nesta instituição de ensino e busca compreender aspectos das relações étnico-raciais sob a perspectiva dos sujeitos participantes e seus relatos de experiência, considerando a implementação da política de cotas nesta universidade. Mediante aplicação de questionário semiestruturado entre estudantes negras e negros regularmente matriculados na Área Básica de Ingresso/ABI, analisamos os modos como estes estudantes rememoram e relatam suas vivências e enunciam seus pertencimentos identitários através de suas narrativas. Estas, estão sendo analisadas à luz de questões teórico-metodológicas formuladas por Boaventura de Sousa Santos (2007) e Marie Christine Josso (2004), para os quais, narrar a vivência dos sujeitos tratados como subalternos transformou-se em uma ferramenta de resistência e fonte de conhecimento alternativo. Tendo como referência analítica os relatos de experiências dos/das estudantes, abordamos de que maneira, em que medida e em quais sentidos as relações étnico-raciais podem ser dadas a ler através de um minilivro, produto didático final da pesquisa em andamento no Programa de Pós-Graduação em Ensino e Relações Étnico-Raciais (PPGER) desta universidade. Com o estudo que resultará da pesquisa de campo e será apresentada no minilivro, ambicionamos contribuir no debate sobre ausências e estereótipos de grupos étnicos da sociedade brasileira, trazendo para o centro da discussão, a formação e transformação do indivíduo através de suas próprias narrativas.