ODARAPERSPECTIVISMO: A Educação como prática da liberdade
Odaraperspectivismo. Educação como prática da liberdade. Educação antirracista
A aplicação do “Projeto Pedagógico Axé Odara” desenvolve-se num processo semelhante ao de “catar folhas” que, no candomblé significa que não se aprende o que quer que seja de uma vez, ao contrário, o aprendizado transcorre ao longo de um tempo iniciático, que tem início, mas não tem um fim (em si mesmo). Folhas/conhecimentos vão sendo “catados” aqui e ali, agregados ao corpo dos sujeitos simbioticamente; não são separados corpo e mente ou racionalidade, sentimentos e afetos. Idealizado no decorrer de minha vida profissional/acadêmica – cursos; atividades de ensino; opções políticas que foram me atravessando –, o “Projeto Axé Odara” tem sido elaborado/efetivado ao longo de horas de leituras, escritas, conversas e ações com estudantes e com professoras/es parceiras/os, além de ganhar, recentemente, maior volume teórico por meio de estudos desenvolvidos no Mestrado em “Ensino e Relações Étnico-raciais” da Universidade Federal do Sul da Bahia – PPGER/UFSB. Trata-se de um projeto vivo, articulado pacientemente, cujas minúcias – como folhas – foram recolhidas com o intuito de que em algum momento a atividade pedagógica da escola em que trabalho volte-se para uma “Educação para a Prática da Liberdade”, a saber, assentada em pedagogia engajada, ensino crítico-reflexivo, promoção de comunidades pedagógicas, fortalecimento de aquilombamentos na escola. O desenvolvimento do “Projeto Axé Odara” tem me levado a desenvolver uma teoria negra, crítica e empoderada, a qual estou chamando de “Odaraperspectivismo”. Esta outra mirada se relaciona com um movimento ético-crítico-reflexivo-negro; busca promover por meio de educação afro referenciada, espaços de resistência e conscientização, uma educação negra cuja pedagogia é engajada; em papo reto: coloca o quilombo dentro da escola. Estudos como os de bell hooks, Stuart Hall, Homi K. Bhabha, Lélia Gonzales, Sueli Carneiro, Petronilha Silva, Eliane Cavalleiro, Muniz Sodré, Achille Mbembe, Renato Nogueira e Emanoel Soares, contribuem para a formação de uma educação libertadora e antirracista.