EDUCAÇÃO E PARTICIPAÇÃO DA MULHER NO MOVIMENTO SINDICAL: UMA ABORDAGEM INTERSECCIONAL DE GÊNERO, RAÇA E CLASSE
Movimento Sindical. Lutas feministas. Gênero. Raça. Educação
O presente texto é fruto de pesquisa de mestrado em andamento no âmbito do Programa de Pós-graduação em Ensino e Relações Étnico-raciais (PPGER) da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) e apresenta reflexões interseccionais que perpassam a educação e a conquista de espaço das representações sindicais femininas. Visa analisar as lutas feministas no movimento sindical brasileiro, considerando-se a educação como fator central na agenda feminista e sindical. Abordam-se aspectos históricos sobre a luta sindical e as opressões que operam em relação a gênero, raça e classe. Baseou-se em revisão bibliográfica e levantamento de indicadores sobre as desigualdades educacionais no país em torno de quatro temas principais: organização sindical, gênero, raça e educação sindical. A abordagem metodológica procede ainda de análise dos materiais produzidos no sindicato, como atas e registros de composição da direção executiva do Sindicato nas Indústrias de Papel e Celulose na Bahia (SINDICELPA - BA) e da Central Única dos Trabalhadores (CUT), e de uma abordagem qualitativa direta de pesquisa-ação, considerando-se a atuação profissional da pesquisadora e incluindo-se a realização de oficina interativa com mulheres da região com fins ao desenvolvimento de práticas educacionais participativas e democráticas, aptas à produção de novos conhecimentos e à conscientização acerca do caráter interseccional das opressões que atravessam as mulheres no espaço sindical. Ainda, prevê a coleta de dados através de questionários calcados no padrão investigativo survey research e, por fim, de entrevistas para que se alcance os objetivos específicos. Feito isto, busca-se analisar o processo de consolidação e implantação das cotas e da paridade na CUT e seu reflexo no SINDICELPA em busca de possíveis contradições entre o texto legal e a sua efetiva implementação. Diante dos trabalhos realizados e em andamento, infere-se que as múltiplas opressões, quando interseccionadas, constituem desafios agudos para a representação feminina na luta sindical, podendo, entretanto, serem enfrentadas através de práticas educacionais emancipatórias.