Devoção, Ação Cultural e Relações Étnico-Raciais no Auto de São Benedito, encenado pela Comunidade Quilombola de Helvécia-BA
Quilombo. Helvécia-BA. Encenação. Auto de São Benedito.
O presente texto dissertativo busca investigar as leituras manifestadas na encenação do Auto de São Benedito, realizada pelos quilombolas da comunidade de Helvécia-BA, para o entendimento da (re)constituição da memória, da história, das identidades étnico-raciais e das práticas educativas em contexto baiano. Como objetivos específicos: a) contextualizar os sujeitos da Comunidade Quilombola de Helvécia-BA, por meio de entrevistas, a partir de considerações identitárias, históricas e sociais, memorialísticas, políticas, culturais, étnico-raciais e educacionais; b) analisar e interpretar o Auto a partir de suas narrativas e leituras dramatizadas por uma ação educativa. Compreendemos partir da composição da referida encenação, que, entre outros objetivos, os quilombolas pensaram a cultura como instrumento político, de certificação e de educação, voltada para a transformação social intrinsecamente relacionada ao modo de vida material e espiritual local, por meio da intersecção com outras dinâmicas, com enfoque, sobretudo, nas questões étnico-raciais. O Auto de São Benedito apresenta-se de forma emergente na comunidade, como apontamentos, os quilombolas encenam um contínuo movimento de ideias e práticas que se transformam por meio do embate contra as sequelas da escravidão e da omissão/rejeição de um legado africano repleto de intenção estética e de saberes, de modo a ocorrer entre o escrito e o vivido. Diante dos estudos, estabelecemos dialéticas com estudiosos da cultura, da literatura popular, da antropologia, das artes cênicas e da história. Pautamo-nos, ainda, no aprofundamento dos eixos temáticos supracitados, visando responder aos objetivos, questionamentos e hipóteses.