Saberes Insurgentes: O uso de Biografias e produção intelectual negra no Ensino de História do Brasil Republicano como proposta de educação decolonial, transgressora e libertária
Ensino de História. Decolonialidade. Gênero. Raça. República.
O ensino de história tem como uma das finalidades contribuir na constituição das identidades das/dos estudantes. Nesse sentido, o debate de gênero e raça na sala de aula é fundamental para superar o racismo e o sexismo na escola e fortalecer as identidades raciais e de gênero. A proposta de ensino de história desta pesquisa nasce do anseio de pensar ações para implementação da Lei 10.639/2003 na Escola Municipal Almerindo Alves dos Santos, localizada no
município de Eunápolis-Ba, unidade na qual atuo como professora de História há dez anos. Esta Dissertação tem como objetivo promover uma educação antirracista e antissexista através do uso da trajetória de vida e da produção intelectual negra como recurso didático no ensino de história, buscando munir as/os discentes acerca dos debates e conceitos de classe, raça e gênero, inspirando-os a construir imagens identitárias positivas. O ensino de história na perspectiva decolonial, transgressora e libertária compreende a educação como prática da liberdade. Ao levar para o ensino de história temas sensíveis como raça, gênero e classe, espera-se visibilizar as lutas contra a colonialidade do poder (OLIVEIRA E CANDAU 2010) a partir do lugar de fala de grupos historicamente subjugados. Essa prática se posiciona como projeto político contra-hegemônico (GOMES 2012) e assume a responsabilidade em romper com o ensino eurocêntrico. Trata-se de uma proposta que se lança para reconstrução histórica e emancipatória, reconhecendo saberes negros e estratégias de luta. Este trabalho se constitui no âmbito teórico do Pensamento Feminista negro e da ferramenta analítica Interseccionalidade, embasadas por CARNEIRO (2019); CRENSHAW (2002); COLLINS (2019); DAVIS (2016) GONZALEZ (2019) entre outras/os. No campo metodológico, situa-se na Pesquisa-Ação TRIPP (2005), uma vez que se propõe investigar a prática de ensino docente, afim de intervir conscientemente. As aulas foram construídas a partir do método biográfico. O uso de biografias na sala de aula personaliza a história ao dar nomes e sentimentos aos sujeitos históricos, colaborando para despertar o interesse discente, SILVA (2009). As aulas desta pesquisa foram estruturadas no contexto da pandemia da COVID-19 e atende às resoluções instituídas para a modalidade ensino remoto. Esta pesquisa foi pensada para ser aplicada em uma turma do 9º ano do Ensino Fundamental. A turma é composta por 24 estudantes, sendo maioria negras/negros. Foram escolhidas 08 personagens negras (Lima Barreto, Laudelina de Campos Mello, Carolina Maria de Jesus, Manoel Garrincha, Sueli Carneiro, Conceição Evaristo, Lázaro Ramos e o Pastor Henrique Vieira) que atuaram e atuam em diferentes áreas do conhecimento e contextos do período republicano. As aulas foram
estruturadas em sequências didáticas e aplicadas de maneira síncrona e assíncrona. Desta prática resultou o Caderno de Sequências Didáticas de título “Saberes Insurgentes: O uso de Biografias e produção intelectual negra no Ensino de História do Brasil Republicano”. O material didático foi construído com o intuito de auxiliar professores e professoras da educação básica no trabalho com a educação das relações étnico-raciais e de gênero no Ensino de História do Brasil Republicano. Almejamos com esse material colaborar para a formação de estudantes antirracistas e antissexistas.