PARA APRENDER COMO OS NOSSOS:
Saberes e Fazeres brincantes do Terreiro Matamba Tombenci Neto (Ilhéus/Bahia)
Educação Antirracista e Afrocentrada; Ludicidade; Comunidades Tradicionais de Terreiros Nação Angola; Ancestralidade; Pedagogia Pretas.
A presente pesquisa situa-se na área de ensino em relações étnico-raciais e foi desenvolvida junto ao Terreiro Matamba Tombenci Neto, localizado em Ilhéus/BA. Dirigido atualmente por Hilsa Rodrigues (Mameto Mukalê), a história da casa teve início no ano de 1885. A partir desse local, buscamos tornar possível um diálogo intercultural entre a herança ancestral afro-brasileira de um terreiro de candomblé, da Nação Angola, e práticas de ensino-aprendizagem lúdicas na Educação Infantil. Nesta pesquisa, afirmamos que o corpo de uma criança de terreiro de candomblé constitui (e é constituído por) um conjunto de brincadeiras que lhe é próprio, sendo específico ao corpo histórico e amplo de sua ancestralidade. Nesse sentido, visando a produção de recursos pedagógicos para práticas educacionais afroafirmativas, antirracistas e decoloniais elaboramos projetos de livros de memórias, intitulado Alegrias de Nvunji no Jardim Tombenci, com narrativas, canções, jogos e brincadeiras. Estes projetos de livros têm como objetivo contribuir para os processos de pertencimento das crianças do Tombenci em relação a sua própria comunidade e também objetiva apresentar para a comunidade em geral alguns dos valores e dos sentidos do brincar construídos pela comunidade do terreiro Matamba Tombenci Neto. A sociedade, letrada e escolarizada, ainda muito pouco conhece e reconhece a eficácia da produção de conhecimentos pedagógicos que emergem em comunidades de tradição oral como, por exemplo, em um terreiro de Candomblé Angola. Utilizamos como aporte teórico-metodológico, nesta pesquisa, o método da entrevista cartográfica (TEDESCO; SADE; CALIMAN, 2013), entrecruzando esse método com a leitura crítica de referencial teórico-metodológico acerca das Pedagogias Pretas, sobretudo, a Pedagogia Eco-Ancestral (OLIVEIRA, 2014) e a Pedagogia das Encruzilhadas (RUFINO, 2019).