Narrativas de infância: a invisibilidade territorial quilombola dentro do espaço escolar
Narrativas; Infância; Território; Saberes; Educação Escolar Quilombola
São as experiências no chão da escola, nesse espaço território de atuação de saberes que nos provocam a fazer questionamentos. E, considerando que é na infância juntamente com seus pares e o convívio dentro e fora da escola onde começa a formação identitária é possível questionar sobre como as experiências de crianças negras, e, quilombolas, em especial suas narrativas, são levadas em consideração nas suas relações interpessoais no âmbito escolar, em especial a relação de ensino-aprendizagem. Ainda sobre a importância dessa interação comunidade-criança-escola nos inquieta saber sobre como os saberes que circundam esta comunidade afetam diretamente a infância deste território e influenciam o espaço escolar. Sabendo que a instituição escolar não atua conforme a legislação sobre a Educação Escolar Quilombola ainda que atuando em um território reconhecidamente como remanescente de quilombo, a nossa pesquisa por si só já justifica o quão importante dar-se-á compreender o impacto desta invisibilização no processo educacional, identitário e de formação dos sujeitos da pesquisa, bem como na comunidade; o que não se vê, e nesta invisibilidade, não se conhece, não se reconhece e não há possibilidades de construir identidades e consciência étnica, tampouco referências entre seus pares. E, se a invisibilidade produz apagamento e nulidade das nossas ações, infere dizer que a falta de uma educação especifica que compreenda a historicidade e todo o repertório cultural do qual o sujeito pertence não só produz sujeitos acríticos, que negam e desconhecem a sua história, mas corrobora para uma estrutura discriminatória e racista (MOURA, 2019). A infância e suas questões de identidade étnico-racial no processo educativo compreendem não apenas meu espaço de atuação profissional, mas constituem minha trajetória pessoal ao tornar-me uma professora desta comunidade. As narrativas destas infâncias nos levam a desenvolver esta pesquisa e torna-se primordial analisarmos a partir destas como estes sujeitos compreendem o espaço escolar, se, como extensão do seu território com todos os saberes e costumes, bem como a importância destes mesmos sujeitos como protagonistas no processo de aprendizagem.