PEDAGOGIA DAS AFROAFETIVIDADES: Uma educação desobediente tecida por professoras negras no chão da escola
Pedagogia decolonial; Educação infantil; Identidade negra; Professoras negras.
A presente pesquisa tem como objetivo analisar de que maneira as práticas pedagógicas antirracistas realizadas entre os anos de 2014 e 2019 no Centro Municipal de Educação Infantil Dr. Djalma Ramos contribuíram para o processo de construção da identidade étnicoracial de professoras e crianças negras, com intuito de desenhar um referencial teóricoepistemológico daquilo que temos denominado de Pedagogia das Afroafetividades. A escolha teórico-metodológica nesta pesquisa alinha-se à intenção de ampliar nossas vozes enquanto mulheres negras professoras atuantes na Educação Infantil. Dessa forma, ao tomar como metodologia a (auto)biografia e as nossas escrevivências/narrativas de formação, levando em consideração a minha narrativa enquanto professora da instituição, bem como a narrativa das professoras participantes cujas vozes se somam à minha, este estudo se fundamenta nas contribuições teóricas de autoras/autores tais como Conceição Evaristo (2020), Grada Kilomba (2019) Marie-Christine Josso (2004), Elizeu Clementino Souza (2007), António Nóvoa (2014) e Roberto Sidnei Macedo (2015). As análises permitiram observar que as professoras negras do CMEI ao construírem práticas pedagógicas antirracistas, não apenas contribuíram para que crianças negras pudessem vivenciar experiências que possibilitassem construções positivas de suas identidades étinico-raciais, como também transformaram a si mesmas em suas identidades étnico-racial e profissional, ressignificando-as. Esse movimento possibilitou assim a consolidação de uma Pedagogia outra, denominada de Pedagogia das Afroafetividades, enquanto pedagogia humanizadora, construída por mulheres negras. Uma Pedagogia que se coloca como enfrentamento às colonialidades pedagógicas tão presentes no ambiente escolar por meio de um currículo que tem sido historicamente eurocêntrico/branco/patriarcal. A Pedagogia das Afroafetividades se ampara, portanto, em uma epistemologia outra, decolonial, de perspectiva negra, feminina, periférica, transmoderna e pluriversal, tomando como fundamento as formulações teóricas propostas por autoras/autores tais como: WALSH, OLIVEIRA, CANDAU (2018); MIRANDA, RIASCO (2016); WALSH (2009); hooks (2017); ARROYO (2021); MIGNOLO (2003); DUSSEL (2005); QUIJANO (2005); MALDONADO-TORRES (2007); GOMES, 2017; FREIRE (2020).