O estado de Goiás, localizado na região Central do Brasil, possui parte de sua extensão coberta pelo bioma Cerrado, este apresenta algumas características que favorecem a ocorrência de incêndios como um processo natural. Sendo esta área muito atingida por incêndios florestais, responde por substanciais impactos ao meio ambiente, ocasionando danos à fauna, flora além de contribui para a liberação de gases na atmosfera responsáveis pelo efeito estufa. Diante do exposto o presente estudo teve como objetivo, entender a problemática dos incêndios por meio de uma revisão bibliométrica e analisar a dinâmica espacial e temporal dos incêndios florestais, quantificando os processos que contribuem para a incidência destes e seus impactos na degradação dos recursos florestais, no período de 1985 a 2020. Para tanto, utilizou-se o software R, Qgis, a plataforma Google Earth Engine, os produtos da plataforma MapBiomas e dados das estações meteorológicas do INMET. Em um primeiro momento foi possível obter informações relevantes sobre a temática, visualizando onde suas discussões estão acontecendo, posteriormente foram produzidos mapas temáticos e a partir deste um mapa de risco de incêndios florestais para o estado de Goiás, o qual apontou que em torno de 63% de todo o território encontra-se em risco muito alto a extremo para a ocorrência de incêndios.

O gerenciamento das bacias hidrográficas (BH) é necessário para a conservação e recuperação dos recursos hídricos (RH) e a manutenção da qualidade de vida da população. A BH é a unidade para planejamento e gestão dos RH e, devido aos impactos causados pelo uso do solo, consumo irracional e poluição dos recursos naturais, observa-se alterações climáticas e no regime hidrológico nas bacias. Portanto, é fundamental o monitoramento das BH para conhecer a dinâmica hidrológica e o seu comportamento ao longo do tempo. Os dados obtidos no monitoramento são utilizados em modelos hidrológicos capazes de simular diferentes cenários de disponibilidade hídrica, relacionando-os com a cobertura da terra. Assim, dentre as ferramentas que auxiliam na gestão das BH destaca-se a modelagem hidrológica. Os modelos hidrológicos são ferramentas computacionais capazes de simular, representar matematicamente, os fenômenos naturais que ocorrem na BH. Dentre esses modelos destaca-se o modelo hidrológico SWAT - Soil and Water Assessment Tools (Ferramentas de Avaliação de Água e Solo), por ser um modelo robusto e capaz de realizar simulações dos impactos das modificações da cobertura da terra e das práticas de manejo agrícola nas variações de vazão. Objetiva-se com esse trabalho analisar a alteração da disponibilidade hídrica relacionada a diferentes cenários de uso e ocupação do solo na bacia hidrográfica do rio Pardo utilizando o modelo hidrológico SWAT. Os dados de entrada necessários (dados hidroambientais) para que o SWAT consiga realizar a simulação devem ser organizados e inseridos no modelo, sendo eles divididos em tabulares (temperatura, radiação solar, velocidade do vento, precipitação e de vazão) e espaciais, modelo digital de elevação (MDE), mapa pedológico e mapa de uso e ocupação do solo. A inserção dos dados no modelo ocorre através da interface (QSWAT Plus) do SWAT com o software de geoprocessamento QGIS. E, após a inserção dos dados hidroambientais, é feita a calibração automática utilizando o SWATCup e a validação do modelo. Assim, o SWAT será aplicado na bacia hidrográfica do rio Pardo, considerando o uso atual e cenários futuros de usos do solo. Os cenários futuros devem considerar a evolução da ocupação atual nos próximos cinquenta anos, considerando os anos de 2022 a 2072 década a década, a fim de realizar a simulação das vazões na bacia. Os resultados encontrados após a aplicação do SWAT, bem como todo seu processo de calibração e validação serão apresentados e discutidos. Espera-se, com a simulação dos cenários, fazer uma projeção do avanço das atividades antrópicas sem o devido planejamento de conservação do solo, relacionado a diminuição da disponibilidade hídrica na BH do rio Pardo.

Em pleno século XXI a insegurança alimentar e a fome avançam, principalmente nos países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil. Somente no ano de 2021, cerca de 125 milhões de pessoas passaram por situação de insegurança alimentar neste país tropical. Não obstante de estar entre os maiores exportadores de commodities e ter as suas florestas sendo constantemente derrubadas, o Brasil aparece, mais uma vez, depois de anos, no mapa da fome da ONU, evidenciando um dos tantos quadros de injustiça socioambiental presentes no país. Por outro lado, zonas urbanas, normalmente com grande concentração populacional, principalmente em cidades de médio e grande porte, comumente apresentam espaços não edificados que podem ser utilizados para produção de alimentos, suprindo parte das demandas locais. Com o intuito de criar alternativa o uso destes espaços urbanos, este trabalho visa apresentar um diagnóstico de viabilidade social, econômica e ambiental da implantação de agricultura urbana e periurbana, sendo o ponto de referência do estudo uma comunidade no extremo sul catarinense. Diante disso, foi realizado um levantamento sobre as características ambientais com elaboração de mapas referenciados sobre o uso e a ocupação do solo urbano no local de estudo. Concomitantemente foram analisadas questões relacionadas aos moradores locais, para entendimento de fatores tais como forma e quantitativo de descarte de resíduos, renda, escolaridade, emprego e envolvimento na vida comunitária. Os dados levantados foram processados em planilha eletrônica para análises de viabilidade de implantação de agricultura urbana e periurbana. No que tange a questão econômica, foram avaliados cinco modelos de agricultura urbana. Neste sentido buscou-se realizar uma análise profunda das viabilidades social, ambiental e econômica com o intuito de contribuir no fomento a estes modelos de agricultura. Como resultado foi possível observar a viabilidade ambiental quando da existência de 1288,7 hectares de agricultura urbana e periurbana em Araranguá e 2575,9 hectares de espaços potenciais urbanos. No que tange a análise social, a comunidade demonstrou-se propensa a adoção de novas práticas para o cultivo de alimento na zona urbana e, também, para contribuir na alimentação das pessoas que passam por situação de vulnerabilidade alimentar. Já na parte econômica, observou-se a viabilidade da implantação em todos os modelos pesquisados.  Conclui-se, portanto, que a agricultura urbana e periurbana é viável em Araranguá-SC, podendo contribuir com a geração de alimento e consequente combate à fome e à insegurança alimentar, concordando com os objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU, de modo especial, com os objetivos 2, 11 e 12, que se referem à Fome Zero, Cidades e Comunidades Sustentáveis e Consumo e Produção Responsáveis, respectivamente.

O presente trabalho tem como objetivo a regionalização hidrológica das bacias hidrográficas dos rios Peruípe, Itanhém e Jucuruçu localizadas na região do extremo sul da Bahia e leste de Minas Gerais. Tal estudo foi feito por meio das seguintes etapas: coleta de dados (imagens e informações fluviométricas da bacia); criação de Modelos Digitais de Elevação Hidrologicamente Consistente (MDEHC); padronização e compatibilização dos dados e delimitação das áreas de drenagem e perímetros das bacias de contribuição e do comprimento da calha principal do rio para cada estação. Por meio dos dados de correção das curvas chave foi possível proceder a etapa de Regionalização de vazões. No software SisCORV foram inseridos os dados fiosiográficos de cada estação fluviométrica (área [Km2], perímetro [Km] e comprimento da calha principal [Km]) bem como as vazões oriundas do software SisCAH, a saber: vazões de referência Q7,10 e Q90, vazões mínimas, médias e máximas para os tempos de retorno de 5, 10, 20, 25, 50 e 100 anos. Assim, foi possível escolher qual tipo de função mais se adequava a cada caso e definir as equações de regionalização. Para as próximas etapas, espera-se a aplicação do modelo da ferramenta ModelBuilder do software ArcGIS para definição das características (área e perímetro) das bacias para cada 1 Km de comprimento do rio. De posse das Equações de Regionalização
e das características fisiográficas de cada trecho das bacias será possível obter os dados de vazão da calha principal para qualquer ponto das bacias. Por fim, pretende-se que, a partir de uma coordenada geográfica inserida pelo usuário em um aplicativo móvel já desenvolvido em linguagem Java, pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), o sistema retorne o dado de vazão. As informações hidrológicas levantadas tem o objetivo de auxiliar o Comitê de Bacias na gestão dos recursos hídricos.

O gênero Vanilla Mill. por ser fonte para extração de vanilina, um composto aromático com alto valor comercial, é um dos mais conhecidos da família Orchidaceae.  O óleo extraído tem sido utilizado na indústria alimentícia, farmacêutica e de cosméticos. Considerando a complexa atividade de produção de baunilha para extração do óleo, torna-se relevante o estudo de espécies do mesmo gênero e o estabelecimento de novas metodologias para sua conservação e melhoramento. O uso da biotecnologia, através da ferramenta da cultura de tecidos, tem resultado na obtenção de plantas de melhor qualidade fitossanitária com alta taxa de multiplicação, podendo ser essas plantas usadas na conservação de germoplasma e/ou propagação de mudas. O objetivo do presente trabalho foi estabelecer condições favoráveis ao cultivo in vitro de Vanilla spp., visando sua propagação e conservação por meio da indução da formação de protocormos, estrutura procedente da germinação de sementes de orquídeas. São usadas como explantes para os testes, partes da planta e suas sementes. Expedições foram realizadas para identificação de indivíduos do gênero em unidades de conservação do extremo sul da Bahia.  Os espécimes encontrados foram marcados para posterior identificação e como matrizes, de onde os frutos e demais explantes foram coletados. Sementes e gemas axilares, folhas e raízes foram levados ao laboratório para testes in vitro de quebra de dormência, germinação, organogênese e embriogênese somáticas, utilizando diferentes formulações de meio de cultura e concentrações de reguladores de crescimento do tipo auxina (AIB e 2,4- D) e  citocinina (BAP), associados a antibióticos e fungicida (penicilina e rifampicina). O meio de cultura utilizado neste trabalho foi o Murashige e Skoog (MS) (1962), suplementado com 30 g/L de Sacarose e 6,5 g/L de Ágar. O delineamento experimental foi em blocos casualizados. A análise e interpretação dos dados foi realizada no software R. Por meio da expedição foi possível registrar dezesseis matrizes de baunilha e identificar duas espécies, Vanilla phaeantha Rchb.f. e Vanilla chamissonis Klotzsch. Os resultados obtidos da cultura de sementes indicaram que a maturação dos frutos entre 60 e 90 dias após polinização aliado a temperatura de 30°C proporciona até 4% de germinação das sementes. A utilização de BAP 2mg/l no tratamento de organogênese resultou em brotos mais robustos e o tratamento sem o regulador vegetal proporcionou crescimento igualitário da parte aérea e da raiz. O tratamento de embriogênese sem utilização de hormônio e utilizando AIB 1mg/l resultou na desdiferenciação das células de gemas em meio sólido. A contaminação no cultivo dessa espécie se deu na maioria dos testes de embriogênese e organogênese realizados, podendo ser controlada com a associação de Penicilina (100µl/ml) e Rifamicina (50mg/l). Os resultados obtidos a partir deste trabalho geram protocolos viáveis de propagação in vitro de Vanilla spp., com informações relevantes que permitam a produção em larga escala de mudas de espécies deste gênero para melhoramento ou conservação das espécies.

Esta proposta de pesquisa está embasada em três pilares, são eles: a ideia da monocultura como um sistema que se sobrepõe aos demais em várias níveis (econômico, social, ambiental e cultural); a lógica de vida, da produção e reprodução sociocultural das comunidades tradicionais que possui forma e princípios divergentes da ideia da monocultura; e os conflitos socioambientais, sendo estes conflitos um dos resultados da interação entre o sistema da monocultura e as comunidades tradicionais impactadas pelo empreendimento do agronegócio. Apoiado na relação destes três conceitos essa pesquisa buscará entender e comparar os aspectos subjetivos que dão significado e potencializam os conflitos socioambientais recorrentes na comunidade Quilombola de Volta Miúda, Caravelas/BA e na comunidade quilombola Rio do Sul, Nova Viçosa/BA na visão das comunidades, ao mesmo tempo em que analisamos os impactos socioculturais sobre a comunidade a partir da relação monocultura/comunidade. Desde modo, esta pesquisa é importante em várias esferas, social, ambiental, econômica, cultural e científica, pois as relações e os conflitos socioambientais englobam todas essas esferas. A partir do estudo e aprofundamento científico sobre as relações socioambientais e seus conflitos é possível dar subsídio para resolução de problemáticas em vários níveis das esferas sociais. Com os resultados da pesquisa espera-se enriquecer o entendimento das comunidades como grupos tradicionais e grupos de resistência a partir dos objetivos propostos. Essas comunidades têm a história de vida marcada pela frustração de viver vendo seus ideais extinguindo-se. Na comparação entre duas comunidades será possível identificar similaridades e também singularidades das próprias comunidades. Assim, espera-se, a partir dessas questões, entender como ocorre a extinção dos aspectos socioculturais das comunidades, que ocorre de forma rápida e silenciosa quando há a interação das comunidades tradicionais com o empreendimento do agronegócio.

O gerenciamento adequado dos resíduos produzidos em laboratórios de análises clínicas é de extrema importância, uma vez que esses resíduos possuem particularidades que os tornam uma categoria específica de resíduos sólidos. Em sua maioria, esses resíduos são classificados como de risco, principalmente em relação aos aspectos químicos e biológicos, o que aumenta o seu potencial de perigo para a saúde humana e do meio ambiente. O objetivo deste trabalho foi analisar o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde em laboratórios clínicos do município de Ilhéus/BA, considerando aspectos socioambientais, propondo medidas para a promoção da gestão sustentável desses resíduos. Foi realizado levantamento de informações junto à Vigilância Sanitária do município de Ilhéus/BA, com o objetivo de identificar a quantidade de laboratórios de análises clínicas com CNPJ ativos na região sul da Bahia. Para a coleta de dados, foi realizada uma visita aos laboratórios participantes, onde foram realizadas entrevistas com os responsáveis técnicos, além da observação direta dos procedimentos adotados para o gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde. As informações coletadas foram analisadas de forma qualitativa, buscando identificar as principais práticas adotadas pelos laboratórios e as possíveis lacunas no gerenciamento desses resíduos. Para a análise dos dados dos resíduos gerados pelos nove laboratórios participantes, foram adotados métodos estatísticos descritivos e inferenciais, considerando os tipos de resíduo laboratorial (infectocontagioso, químico ou comum) e o tipo de material (papel, plástico, metal, vidro, madeira, látex, algodão, borracha ou perfuro cortante). Verificou-se que os laboratórios analisados não estão plenamente em conformidade com a legislação sanitária em relação aos resíduos de serviços de saúde (RSS). Foram observadas irregularidades quanto aos locais de armazenamento desses resíduos, tais como falta de proteção contra insetos e roedores, proximidade com áreas de atendimento ao público e ausência de acesso adequado para coleta externa. Além disso, constatou-se que o gerenciamento de RSS em laboratórios clínicos da região sul da Bahia precisa de ajustes para atender aos critérios estabelecidos pela RDC nº 222/2018 da ANVISA, a fim de cumprir todas as etapas previstas na legislação em vigor.

As primeiras Unidades de Conservação (UC) foram criadas sob os pilares do mito da natureza intocada, tendo servido como modelo para as UCs ainda hoje internacionalmente. Em muitos casos, o direito ao uso dos recursos naturais e da terra foi negado às comunidades que residiam em seu interior, a relação homem e natureza foi ignorada, provocando intenso processo de desterritorialização. No Brasil, a primeira UCs foi criada no ano de 1937. A lei no 9.985 definiu formalmente as categorias de UC, incluindo aquelas de proteção integral e as de uso sustentável. Muitos conflitos ambientais surgem das diferentes compreensões sobre as formas de ocupação dos territórios. É nesse cenário que UCs compreendem espaços que podem gerar muitos conflitos socioambientais. O Parque Nacional do Descobrimento é uma UC de proteção integral, localizada numa região que apresenta expressiva diversidade biológica de Mata Atlântica, além da presença de diversidade cultural, especialmente grupos indígenas e quilombolas, o que já gerou conflitos na área desta UC em anos recentes. Este projeto tem por objetivo avaliar a efetividade de gestão do Parque do Descobrimento sob o enfoque do desenvolvimento territorial sustentável. Para isto, adaptará a metodologia Management Effectiveness Trancking Tool, desenvolvida pela IUCN, para o contexto do sul da Bahia. A coleta de dados será realizada por meio de entrevistas individuais e em grupo com integrantes do Conselho Consultivo do Parque, pesquisa bibliográfica e documental, além de anotações de campo e registro fotográfico das áreas da UC. Espera-se com este trabalho compreender a execução do SNUC na região sul da Bahia, além de qualificar a gestão do PARNA do Descobrimento, fornecendo subsídios para ampliar e fortalecer ações de conservação da sociobiodiversidade regional, de forma a contribuir para um desenvolvimento territorial regional mais sustentável.

O trabalho visa analisar, modelar e simular mudanças no uso da cobertura da terra em Porto Seguro com dados do MAPBIOMAS e o plugin MOLUSCE. Os objetivos são: analisar e modelar o uso da terra em diferentes períodos, simular o uso futuro para 2029, prever a expansão urbana conforme o plano diretor e analisar a variação do mangue e área urbana. Os resultados mostram mudanças significativas nas classes de cobertura do solo de 1985 a 2021, com aumento gradual do mangue, recuperação das áreas de floresta e flutuações em outras classes. A simulação para 2029 indica declínio leve no mangue, manutenção da floresta, leve aumento em outras classes e expansão da área não vegetada e corpos d'água. A análise da expansão urbana destaca a importância do planejamento adequado para um crescimento sustentável, conservação ambiental e preservação de áreas verdes. A preservação das áreas de mangue é essencial para o equilíbrio ambiental. O estudo contribui para o planejamento urbano responsável e políticas públicas que promovam crescimento sustentável e proteção do patrimônio natural de Porto Seguro.

A mandioca (Manihot esculenta Crantz) é de origem da América do sul, e a nível mundial apresenta tolerância a diversas condições de solo e clima. É cultivada em diversas regiões do mundo, além de resistente ao ataque de pragas e doenças, possui ótima capacidade de adaptação e produção em solos de baixa fertilidade e com pouca pluviosidade. Destaca-se pela sua fundamental importância na alimentação humana e animal, para mais está inserida como matéria prima nas indústrias para a fabricação de inúmeros produtos. É uma cultura responsável por grande parte da produção econômica no Brasil por possuir muitas funções e utilidades foi eleita pela ONU como o alimento do século XXI. Esta pesquisa objetiva caracterizar morfologicamente uma variedade local de mandioca (Caravelas) e quatorze materiais provenientes do Banco de Germoplasma da Embrapa Mandioca e Fruticultura, implantadas no Maniveiro Guardião do Extremo Sul da Bahia, sendo elas: Amansa burro, BRS Platina E, Cigana B, Corrente, Formosa, Lagoão, Mulatinha, Olho roxo, Pretinha, Sergipe, Tapioqueira, Vassoura preta, Caipira e BRS Prata. A avaliação agronômica foi coletada seguindo as metodologias dos descritores morfológicos para a cultura da mandioca, sendo coletadas as informações da parte aérea e raiz de treze variedades de mandioca, os dados coletados foram submetidos à análise estatística para avaliação estimativa das variáveis equivalentes. Após realizar as análises morfológicas das quinze variedades foi feito a análise de confiabilidade do fenótipo das variedade em relação ao genótipo sob condições da cultura na região, Os resultados obtidos mostraram que há diversidade fenotípica entre as variedades implantadas no maniveiro guardião, tanto de características da raiz quanto da parte aérea da planta. Em algumas variedades, contemplou-se maior variabilidade para um mesmo descritor. Ao passo que, em outras, as análises permitiram verificar homogeneidade das características apresentadas, como por exemplo, hábito de ramificação dicotômico, comprimento da filotaxia/base curto e cor da polpa da raiz branca. Concluise, que as variedades Mulatinha, Formosa, Sergipe, Platina E, Lagoão, vassoura preta e Caravelas, apresentaram-se com características relevantes à produção de mandioca, tais como cor externa da raiz marrom claro ou marrom escuro, cor da polpa branca e crescimento do caule reto e comprimento da filotaxia curto. Já as variedades Amansa burro, Caipira, Lagoão, e Caravelas apresentaram características de interesse para uso da parte aérea como, comprimento da filotaxia curto, hábito de ramificação dicotômico e cor da folha verde escuro. Para mais, se faz importante a realização de estudos genotípicos para confirmação da ocorrência de tais variações e estudos referente a
produtividade com relação a produção de amido e farinha é recomendado.

A História dos povos indígenas está baseada em conflitos e resistência pelo direito de exercer sua cultura, seu modo de vida. Os povos pataxós no extremo sul da Bahia, passaram por várias descontinuidades históricas e diásporas que provocaram sua configuração atual, onde buscam incessantemente sua reestruturação cultural, principalmente através da retomada de suas terras. A aldeia pataxó Novos Guerreiros criada a partir de um processo de retomada de terras indígenas em 2012 está localizada em uma região impactada ambientalmente refletindo nas questões de autonomia e soberania alimentar da comunidade, que apesar de culturalmente estarem ligadas ao Agroextrativismo e a Pesca, não possuem mais os recursos naturais necessários para exercerem as atividades tradicionais, colocando em risco as suas relações socioambientais. Devido o atual cenário de conflito territorial oriundo da retomada do território indígena Ponta Grande, acredita-se que buscar meios de resgatar as relações socioambientais que os indígenas têm com sua terra, através de meios sustentáveis de produção, seja a melhor alternativa, utilizando tecnologias para produção de alimentos, preservação do meio ambiente, geração de renda, segurança alimentar e resgate cultural da relação com seu território. Nesse aspecto, busca-se através deste projeto de pesquisa estudar e avaliar a aquaponia como alternativa de desenvolvimento socioeconômico-ambiental na aldeia indígena pataxó Novos Guerreiros. A coleta de dados ocorrerá através de entrevistas e aplicação de questionários semiestruturados para realizar a caracterização socioeconômica dos participantes, será realizado o acompanhamento da instalação e funcionamento do sistema de produção, avaliação econômica do projeto através de indicadores econômicos e para analisar as relações socioambientais proporcionadas pela aquaponia será utilizada a Teoria da Mudança. Será desenvolvida uma cartilha educativa, apresentando as relações e processos biológicos do sistema, suas vantagens e desvantagens, e um passo a passo para montar um sistema aquapônico de pequeno porte, que será disponibilizada virtualmente a todos de interesse. Espera-se com este estudo demonstrar a utilização da aquaponia como alternativa de desenvolvimento socioeconômico-ambiental em um território indígena que apresenta diversos conflitos territoriais, possibilitando o resgate das relações socioambientais entre os indígenas e seu território, através da produção sustentável de alimentos saudáveis, alcançando assim sua segurança e soberania alimentar.

As embarcações são consideradas o principal meio de transporte produzido em madeira no Brasil, salvaguardando uma rica herança cultural sobre o uso dos recursos florestais. Fazem parte do patrimônio naval representado pelos barcos tradicionais, e em contrapartida, é um dos segmentos mais ameaçados do patrimônio brasileiro. Mediante esses fatos, a atual pesquisa tem como objetivo diagnosticar a sustentabilidade do uso de madeira para embarcações tradicionais utilizadas na pesca artesanal na Reserva Extrativista do Cassurubá e no entorno do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos. Será feita a partir de entrevistas estruturadas com pescadores, carpinteiros e comerciantes e se dará através de tablets com o software gratuito Open Data Kit (ODK), que permite o armazenamento dos dados registrados. Pretende-se com isso elaborar uma dissertação que servirá como uma enciclopédia documentada acerca do conhecimento que até então é inerente aos mestres da carpintaria naval do
Extremo Sul Baiano, promovendo a valorização do saber artesanal, da cultura, da pesca local e do turismo náutico na região.