Deus, pátria e bala: um estudo da genealogia e dos significados da ascensão da extrema dereita no Brasil em 2018.
Extrema direita. Bolsonarismo. Democracia.
O coroamento da ascensão da extrema direita no Brasil, em 2018, por meio da eleição do deputado federal Jair Messias Bolsonaro, redesenhou o debate político público sobre os rumos da democracia no Brasil. Desse modo, o sucesso eleitoral de Bolsonaro foi um marco na cena social e política do Brasil. É neste cenário que esta pesquisa se insere. Tento responder algumas perguntas iniciais assim delineadas: como foi possível a eleição de Jair Bolsonaro? Quais trajetórias podem ser refeitas como chave de interpretação desse fato? Quais significados podem ser extraídos da eleição de um deputado federal representante de ideias antidemocráticas? Dado o exposto, a pesquisa analisa a genealogia dessa ascensão e os seus significados, bem como a natureza do “novo conservadorismo” ou, “nova direita” ou, nos termos em que uso, da extrema direita por meio de seis principais forças que apoiaram e possibilitaram a eleição de Bolsonaro: a rejeição a proposta de governo da esquerda representada pelo Partido dos Trabalhadores (antipetismo); o apoio de uma parcela da população (classe média, burguesia, igrejas e elites); a pauta dos costumes manifestada no discurso da defesa dos valores da família, da defesa de valores “conservadores” contra a ameaça de um comunismo (“liberação” para o aborto, ameaça às liberdades civis individuais, invasão de ideologia de gênero nas escolas etc.); o discurso contra a corrupção, contra o “sistema” (contra a “velha política”); o uso de redes sociais, tais como: Facebook, Twitter, Instagram, Telegram e WhatsApp como meio de comunicação, difusão de ideias, propagação de mentiras e a exploração de falsos antagonismos, a exemplo da luta do bem contra o mal, cristãos contra comunistas, dentre outros. Enquanto aspectos metodológicos, desenvolvo uma pesquisa bibliográfica e documental por meio da análise de documentos oficiais, programas de governos, projetos de emendas constitucionais, PECs, Projetos de Lei e PLs com um marco temporal de quinze anos divididos em três períodos específicos, a saber: o ciclo do Partido dos Trabalhadores na Presidência da República iniciado em 2003, as jornadas de junho em 2013, os movimentos que emergiram posteriormente, não vai ter copa em 2014, fora Dilma em 2015, e, por fim, o processo e a vitória eleitoral em 2018 do candidato representante da extrema direita brasileira.