Para o cumprimento da Portaria Nº 2.607/GM de 10 de dezembro de 2004, foi implantado o Sistema de Informação de Vigilância Ambiental em Saúde sobre Contaminação de Solo (SISSOLO). O SISSOLO objetiva identificar e priorizar áreas com populações expostas a solo com suspeita de contaminação. Neste trabalho objetivou-se fazer uma análise da funcionalidade do SISSOLO na construção de mapas para propor ações de promoção e prevenção de agravos a saúde da população expostas a contaminação do solo, com estudo de caso em Porto Seguro. Para demonstração da aplicabilidade do sistema, foram selecionadas as seguintes variáveis: ano, região de saúde, número de áreas cadastradas, classificação das áreas cadastradas quanto à origem da contaminação, estimativa de população exposta ou potencialmente exposta à contaminação e plano de acompanhamento cadastrado. Após a seleção das variáveis, foram realizadas análises quantitativas dos dados, no período compreendido entre 2007 e 2022. Os arquivos receberam tratamento analítico através do software QGIS na sua versão 3.28 e o Sistema de Referência de Coordenadas (SRC) com o código EPSG 31984, correspondente ao sistema de Coordenadas Geográficas no Datum SIRGAS 2000 / UTM zone 24S. Ao final foi construído um mapa com o acúmulo de ocorrências das séries históricas dos eventos. A distribuição espacial dos casos registrados aponta para um maior número de áreas potencialmente expostas concentradas na região central de Porto Seguro, contudo, há registros em Arraial D’Ajuda, Trancoso e Caraíva. Percebe-se que, pela distribuição espacial 90% dos distritos de Porto Seguro apresentam cadastro de áreas potencialmente contaminadas e que, o ano de 2022, foi o ano com maior atividade do sistema que se encontrava inoperante até então. A população exposta nas áreas cadastradas representa um total de 25.750 pessoas expostas a áreas contaminadas e/ou potencialmente contaminadas dentro do recorte temporal. Em 2007 e 2008 percebe-se a exposição a resíduos sólidos de diferentes fontes ligados ao descarte inadequado do lixo. Problemas com a exposição humana a contaminantes químicos encontrados em áreas contaminadas podem contribuir para a mudança do quadro epidemiológico da doença nas populações. Dessa forma, o geoprocessamento passa a figurar como uma ferramenta tecnológica de suma importância quando se fala em gestão de sistemas de saúde que tenha o objetivo de dinamizar o processo de leitura de dados de localização de pontos com contaminação em potencial ou confirmada dando mais agilidade ao desencadeamento de ações intersetorial e pautada na realidade qual se encontra. A limitação do trabalho é o fato do SISSOLO não ser um sistema de domínio público o que dificulta o acesso aos dados e a forma com quais os dados são apresentados tornando difícil a automação e popularização do sistema. Além disso, o sistema não tem nenhuma comunicação com os demais sistemas de informação da Vigilância em Saúde. O Ministério da Saúde também não disponibiliza as coordenadas geográficas das doenças notificadas e nem disponibiliza dados do SISSOLO o que torna o mapeamento das ocorrências, por via online, impossível de ser realizada.

A promoção da ecologia é um tema controverso no quando o assunto é agricultura, no geral o retorno econômico é ponderado com maior peso, o presente projeto consiste em analisar ações de assistência técnica sob a ótica da promoção da percepção ambiental positiva em propriedades rurais da agricultura familiar no Território do Sul da Bahia, como ferramenta para contribuir positivamente na promoção dos serviços ecossistêmicos. O principal objetivo é contribuir com a transição agroecológica no Território da Costa do Descobrimento, através da análise das ações de assistência técnica e extensão rural, para este estudo foram utilizados dados das atividades de assistência técnica e extensão rural executadas nas unidades produtivas familiares, contempladas pelo programa Bahia Produtiva assistidas pela equipe do Instituto Mãe Terra. Primeiro, foi realizada a contextualização da trajetória da autora e sua afinidade com o tema. Em um segundo momento, foi realizada uma contextualização sobre o panorama geral das propriedades rurais da agricultura familiar sob um olhar da adequação ambiental integral, feito um breve histórico sobre a assistência técnica no Brasil e no Território do Sul da Bahia.

A pesquisa demonstra a evolução histórica dos instrumentos normativos relacionados aos
desastres ambientais suportados pela humanidade, desde a década de 1970, compreendendo a
necessidade da implementação dos Planos de Emergência como mecanismo obrigatório no
licenciamento ambiental, para otimizar a gestão de riscos ambientais adotada pelo Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e,
consequentemente, promover uma melhor proteção ambiental das atividades econômicas.
Toma-se o licenciamento ambiental como instrumento legal relevante para a proteção
socioambiental, cujo bom funcionamento pressupõe a adoção de mecanismos comprometidos
com as presentes e futuras gerações, além de constituir-se como instrumento regulador das
relações socioambientais envolvidas. O objetivo da pesquisa é compreender e apresentar
formas de fortalecer a capacidade de resposta do SISNAMA em emergências ambientais, com
a exigibilidade legal de Plano de Emergência apto a limitar e mitigar os danos ambientais
decorrentes destes eventos, contribuindo assim para sociedades sustentáveis. A metodologia
baseou-se em uma revisão teórico-normativa e na análise documental a partir da práxis
institucional. A pesquisa bibliográfica foi realizada em diferentes bases científicas, sendo os
resultados em sua maioria datados a partir de 2014. A pesquisa documental utilizou como
principais fontes os termos de referência emitidos IBAMA, além de leis, decretos, instruções
normativas e outros regulamentos relacionados com Planos de Emergência. A Resolução
CONAMA no 398/2008 regulamenta a exigibilidade do instrumento para instalações
vinculadas ao setor petroquímico. A legislação sobre barragens estabelece a sua
obrigatoriedade, mas é omissa em relação à sua exigibilidade no licenciamento ambiental –
assim como outras normas correlatas. Os resultados demonstraram que os acidentes com
potencial de impactos ambientais ocorrem em variadas tipologias sujeitas ao Licenciamento
Ambiental Federal (LAF); apontam para a existência de exigências legais específicas
relacionadas aos Planos de Emergência apenas em algumas tipologias sujeitas ao LAF; e
demonstram a existência de lacuna legislativa a ser suprida, no Brasil, por regulamento que o
torne mecanismo obrigatório no LAF, visando otimizar a gestão de riscos ambientais.
Conclui-se que, do sopesamento da lacuna legislativa comprovada na pesquisa com a boa
prática do IBAMA no que tange à gestão de riscos ambientais, impõe-se a regulamentação da
exigibilidade do Plano de Emergência, por meio de instrumento normativo que seja aplicável
a todas as tipologias que envolvem risco ambiental, no contexto da sociedade de risco global.

O microplástico (MP) é categorizado como uma nova classe de contaminantes, apresentando partícula sólida de plástico insolúvel em água com qualquer dimensão entre 1 μm e 5.000 μm. Sua origem se dá através de fontes industriais e do processo de fragmentação do plástico que resulta em partículas menores, tornando-se um poluente persistente e onipresente no meio ambiente. A liberação de MPs no meio ambiente pode ter vários efeitos negativos nos ecossistemas e na saúde humana, devido à sua hidrofobicidade, podendo adsorver poluentes orgânicos, incluindo poluentes orgânicos persistentes (POPs) e metais pesados, tornando-se vetores de produtos químicos perigosos. No organismo dos seres humanos esses compostos imitam hormônios naturais e perturbam o sistema endócrino finamente equilibrado do organismo, estando associada uma multiplicidade de doenças e distúrbios vinculados a substâncias hormonalmente ativas. Espera-se que o tratamento convencional de água potável forneça uma barreira eficaz para uma ampla gama de tamanhos de partícula, uma vez que a presença de microplásticos pode ter implicações para a toxicidade. Nesse contexto, o objetivo desse trabalho foi otimizar um método de extração de microplásticos e investigar a presença de microplásticos em amostras de água submetidas ao tratamento convencional no município de Porto Seguro - BA. Estudos experimentais foram realizados em laboratório utilizando soluções de água (H2O) e cloreto de sódio (NaCl) para ajuste de densidade que permitisse a flutuação dos seis principais tipos de polímeros mais utilizados na atualidade, possibilitando sua flutuação e extração para análise.
Resultados evidenciam uma taxa de recuperação global de 80 %, mostrando-se eficiente sua aplicação, mesmo nos polímeros de maiores densidade (PET e PVC) que possuam menor retorno no processo de extração e identificação. Uma alta eficiência na recuperação foi alcançada para PVC, PEBD e PP, estando próximo dos 100%. Amostras de água da estação de tratamento apresentaram uma parcela maior de fibras e um decaimento do número de partículas a cada fase do tratamento convencional.

Os macroinvertebrados aquáticos desempenham papéis importantes nos ecossistemas e muitos dos seus representantes são considerados bioindicadores da qualidade ambiental. Este estudo objetivou compreender os efeitos do microplástico (MP) do tipo glitter nesses organismos, avaliando a ingestão, ocorrência e localização do MP em função da concentração, tempo de exposição e grupo taxonômico e a ocorrência de biomagnificação e bioacumulação na cadeia trófica de macroinvertebrados aquáticos. Foram realizados três experimentos, um com a duração de sete dias, o segundo com duração de 28 dias, com exemplares de Chironomidae, Culicidae, Psychodidae e Ostracoda; e um terceiro experimento com duração de 72 horas com Chironomidae, Culicidae, Odonata e Ostracoda. No primeiro experimento a ocorrência de MP foi observada em 99% dos 247 indivíduos amostrados no primeiro experimento, com predominância de partículas inteiras ou fragmentadas, especialmente no tubo digestivo. No segundo experimento, com 296 indivíduos, houve aumento na ocorrência de MP com a exposição prolongada, indicando a possível ocorrência de bioacumulação. Culicidae e Chironomidae foram os organismos mais contaminados ao longo do tempo, respondendo rapidamente à exposição, possivelmente devido aos seus hábitos alimentares. Esses grupos podem ser biomonitores eficazes de contaminação por microplásticos em ambientes de água doce, auxiliando no monitoramento desse poluente. O terceiro experimento demonstrou a ocorrência de transferência trófica do MP em macroinvertebrados aquáticos. As presas contaminadas têm potencial para transferir o MP para os predadores, porém não houve evidências de uma maior concentração de MP nos predadores. Embora haja fortes indícios de biomagnificação, ressalta-se a necessidade de estudos adicionais para compreender melhor os processos de autodepuração e acúmulo de microplásticos nos organismos. Os resultados das nossas investigações contribuem para um melhor entendimento dos impactos dos microplásticos nos ecossistemas aquáticos e para o desenvolvimento de estratégias de monitoramento e mitigação mais eficazes.

Estudos de morfologia polínica que resultam em catálogos vêm crescendo nas últimas décadas no Brasil. Em áreas de Mata Atlântica, especialmente no Estado da Bahia, tais estudos ainda são escassos, apesar desse bioma abrigar cerca de 36% da flora brasileira. Assim, este trabalho objetivou propor um protocolo para elaborar a flórula polínica do Jardim Botânico FLORAS, que conta com um remanescente de Mata Atlântica no Extremo Sul da Bahia, Brasil bem como descrever a morfologia polínica de algumas espécies vegetais endêmicas que ocorrem nessa área. Para isso, botões florais foram coletados nas exsicatas depositadas no Herbário Prof. Geraldo C. P. Pinto (GCPP), referente aos levantamentos florísticos realizado previamente no Jardim. O material polínico coletado foi acetolisado, os grãos de pólen foram mensurados, descritos e fotodigitalizados sob microscopia óptica. O protocolo publicado recomenda um planejamento geral para adições à flórula polínica local, com a lista de famílias, as técnicas palinológicas e o padrão de descrição a serem adotados. Foram descritos os grãos de pólen das seguintes espécies endêmicas, importantes para a conservação da biodiversidade vegetal local: Andira fraxinifolia Benth., Desmodium juruenense Hoehne, Eschweilera ovata (Lecythidaceae), Himatanthus bracteatus (Apocynaceae), Lantana undulata Schrank (Verbenaceae), Lundia longa (Vell.) DC. (Bignoneaceae), Ouratea cuspidata (A.St.-Hil.) Engl. (Ochnaceae), Paubrasilia echinata (Lam.) Gag-non, H.C.Lima & G.P.Lewis (Leguminosae), Solanum polytrichum Moric. (Solanaceae) e Stigmaphyllon blanchetii C.E.Anderson (Malpighiaceae). Os grãos de pólen analisados apresentaram-se em mônades, com tamanho pequeno, médio ou grandes; forma esférica, prolato-esferoidal, subprolata ou prolata; âmbito triangular, subtriangular, subcircular ou circular; 3-colpados ou 3-colporados; com exina psilada, (micro)reticulada, granulada ou escabrada. As descrições contribuem para o início do atlas polínico do JB FLORAS, que subsidiará pesquisas em palinologia e áreas afins no Extremo Sul da Bahia e no bioma Mata Atlântica, ao ampliar o conhecimento e a conservação da biodiversidade vegetal dessas áreas ainda pouco estudadas. A pesquisa também amplia o laminário da palinoFLORAS, a coleção palinológica do JB FLORAS. 

Recuperar a vegetação nativa na Mata Atlântica é uma demanda urgente para prevenir a perda de biodiversidade, e reduzir os impactos da mudança do clima sobre sistemas naturais e humanos. O modo como este problema é abordado por instituições e sistema de governo importa para o alcance de resultados desejados em diferentes campos de políticas. A fim de investigar características da abordagem federal para a recuperação da vegetação nativa, no capítulo 1, utilizamos uma heurística que permite caracterizar níveis de integração de políticas para solução de um problema, em uma dada esfera de governo. Constatamos que manifestações de integração de políticas para o problema em estudo atingiram níveis predominantemente altos a muito altos na escala de classificação da heurística, entre 2020 e 2023, nas quatro dimensões de análise: enquadramento, envolvimento de subsistemas, objetivos de políticas, instrumentos de políticas. Diversos instrumentos de sistema e subsistemas contribuem para um enquadramento amplo do problema, incluindo três estratégias federais de adaptação à mudança do clima, que o abordam. O envolvimento de subsistemas é alto, com 11 Ministérios atuantes na Conaveg – Comissão Nacional para Recuperação da Vegetação Nativa. Interações mais frequentes foram notadas entre MMA - Ministério do Meio Ambiente, MAPA – Ministério da Agricultura e Pecuária e ME – Ministério da Economia. Ao menos 41 objetivos de subsistemas têm a recuperação da vegetação nativa como objeto, dentro de uma estratégia maior de sistema. Na dimensão de instrumentos de políticas, identificamos: 1) a disponibilidade no nível de sistema de dois instrumentos sofisticados de coordenação administrativa e integração de políticas para atuar sobre o problema - a Conaveg (autoridade superior interministerial) e o SIORG - Sistema de Organização e Inovação Institucional do Governo Federal (estrutura de coordenação inter- agências); 2) baixo número de instrumentos de suporte internos de subsistemas, para gerar coerência de políticas no nível da implementação. Elevar o número de instrumentos de suporte de subsistemas poderá aumentar a adoção de medidas de recuperação da vegetação nativa na Mata Atlântica, em uma estratégia maior de sistema. No capítulo 2, visando a subsidiar instrumentos de suporte no âmbito da gestão de unidades de conservação (UC), conduzimos um diagnóstico com enfoque na mitigação de impactos do uso da terra sobre espécies dependentes de florestas do Parque Nacional do Pau Brasil. Analisamos 125 imóveis rurais maiores que 1 módulo fiscal no buffer de 3.2 Km adjacente à UC, que totalizam 25931 ha. Áreas convertidas em sistemas agrícolas correspondem a 47,20% (12239,11 ha) deste total, sendo 32,02% dedicados à pecuária e 8,51% à agricultura. Imóveis acima de 4 até 15 módulos fiscais apresentaram a menor razão entre cobertura de reserva legal somada a vegetação nativa excedente e área total do imóvel (0,25). Para mitigar impactos sobre espécies dependentes de florestas, a regulação de práticas conservacionistas deverá focar em: a) estabelecer a razão entre cobertura de florestas nativas somadas a sistemas agroflorestais ou florestas plantadas biodiversas, a depender da classe de tamanho dos imóveis, b) estabelecer limites por imóvel para cultivos vinculados à indústria de celulose, c) reduzir as externalidades dos sistemas produtivos.

Os espaços e brincadeiras na natureza têm um impacto significativo na saúde e no bem-estar das crianças. O espaço escolar que contempla a natureza ou oportuniza experiências com elementos naturais e outros territórios educativos mais verdes favorecem às crianças experiências sensíveis, ricas em sentidos, vínculos e descobertas. Considerando-se a importância do brincar e do contato com a natureza para o desenvolvimento infantil, o presente estudo traz como objetivo geral: Investigar o papel da natureza nas brincadeiras e nos espaços do brincar de crianças de 04 a 06 anos em um contexto escolar. Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa, de natureza descritiva e observacional. O local de estudo, selecionado por conveniência, consiste em uma escola da rede privada em Porto Seguro (Bahia) que possui espaços e elementos biofísicos de natureza, e pátio descoberto. Os sujeitos de estudo foram 20 crianças matriculadas na escola selecionada. A coleta de dados aconteceu em três etapas. Etapa um – observação naturalística: observação livre da rotina da escola, a fim de caracterizar o local, especialmente os espaços de natureza, e levantamento de toda a área livre da rotina da escola, que possui inúmeros elementos biofísicos facilitadores do contato das crianças com diversas árvores frutíferas, gramado e outras plantas. O pátio foi dividido em oito setores, registrados com fotografias. Etapa dois – observação da criança e do espaço: foi analisada a interação das crianças com os espaços, considerando-se os espaços que escolhem para brincar; foi utilizado um diário de campo para registrar todas as observações livres sobre o espaço escolar e como as crianças se relacionam com ele. Etapa três – grupo focal: um roteiro norteador permitiu identificar onde as crianças gostam de brincar, do que gostam de brincar, quais brincadeiras mais brincam no espaço escolar, se identificam os elementos biofísicos da natureza no espaço onde brincam, e como deveriam ser os espaços pensados por elas para o brincar; após isso,as crianças produziram um desenho sobre o que colocariam nesses espaços. As crianças escolheram a fotografia do local onde gostam ou  gostariam de brincar na escola. Assim, pode-se constatar que muitas crianças referem lugares ao ar livre como preferidos para o brincar, destacando brincadeiras como corre-corre e esconde-esconde. Além disso, identificam os elementos biofísicos da natureza no espaço e trazem em seus desenhos esses elementos para compor os espaços para o brincar. Os resultados apontam a importância do brincar na natureza, sendo importante que seja proporcionados espaços e oportunidades para que as crianças explorem e se conectem com a natureza.Portanto, pode-se concluir que os espaços escolares podem ser potencializados a partir da presença dos ricos elementos da natureza, e esses elementos possuem significados e possibilidade de exploração pelos educadores, visando agregar a prática pedagógica, desde que tenham uma intencionalidade, promovendo assim riquezas no aprendizado e desenvolvimento infantil.

A exposição, proximidade ou algum tipo de relação com as áreas verdes, pode mitigar muitos dos efeitos danosos à saúde em centros urbanos, incluindo alguns índices de recém-nascidos e gestantes. Ainda é incipiente e mal definido como áreas verdes podem influenciar a saúde neonatal e a materna no Brasil. Pretende-se avaliar as relações de áreas verdes com a saúde neonatal e maternal em cidades do estado da Bahia. Serão analisados dados secundários do SIVAN e das fichas clínicas de duas maternidades da cidade de Eunápolis e Itabuna. Em outras cidades, com exceção e Salvador, se fará uma análise exploratória com dados do peso ao nascer, relacionando-os às variáveis demográficas, geográficas, socioeconômicas e ecológicas. Esses dados serão relacionados à proximidade de áreas verdes para testar as seguintes hipóteses: 1.Neonatos nascidos de mães que residem mais próximo de áreas verdes, possuem melhores pesos ao nascer e índice de Apgar, em ambas as cidades. 2.Mães que moram mais próximos de áreas verdes, possuem melhores índices de saúde durante a gestação em ambas as cidades. 3.Na cidade com mais áreas verdes, há melhores índices depeso ao nascer e índice de Apgar nos neonatos. 4.De todas as variáveis, a materna morar próximo de áreas verdes é uma co-variável tão importante quanto os índices socioeconômicos, nível escolar e cuidados durante a gestação para uma boa saúde do neonato (bom peso ao nascer e índice de Apgar) em ambas as cidades. Espera-se comprovar que há uma relação entre o bom peso e o índice de Apgar de neonatos com as áreas verdes, devido à residência das mães próximo desses locais, em Eunápolis e Itabuna. Nas demais cidades se fará uma análise exploratória, relacionando o peso ao nascer com outras variáveis. O estudo se propõe a comprovar a importância de áreas verdes e a preservação ambiental para os bons índices de saúde neonatal na população urbana de cidades da Bahia.

A Mata Atlântica é um dos biomas mais biodiversos do planeta, e um dos mais ameaçados, visto que possui menos de 20% de sua cobertura vegetal original. Nesse cenário, o monitoramento ambiental de áreas protegidas pode contribuir para a conservação do ambiente, fornecendo informações que podem auxiliar os órgãos responsáveis por sua gestão e fiscalização, de modo a evitar o avanço da antropização nessas áreas. Esta pesquisa pretende investigar o uso e cobertura da terra e sua relação com a fragmentação florestal nos Parques Nacionais do Alto Cariri, da Serra do Gandarela e de Aparados da Serra e da Serra Geral e em suas zonas de amortecimento (ZA). A seleção seguiu critérios como região, ano de criação, área e existência de plano de manejo. A análise espacial envolveu o mapeamento do uso e cobertura da terra com imagens Planet NICFI de
alta resolução espacial no ano de 2020; classificação supervisionada com o algoritmo da máxima verossimilhança (MAXVER) com o complemento SCP no QGIS; análise de acurácia com complemento AcATaMa no QGIS, com cálculo de exatidão global e índice de exatidão kappa; cálculo das métricas da paisagem em nível de fragmento e de classe utilizando o programa Fragstats. A etapa final envolve a obtenção de polígonos de desmatamento no período de dois anos após a data da classificação (anos de 2020 a 2022) na plataforma Planet para verificar a sua relação com os resultados obtidos de uso e cobertura da terra e da fragmentação florestal nos parques e
suas ZA. Como resultado, foram geradas imagens classificadas com o uso e cobertura da terra com exatidão global mínimo de 80% e índice de exatidão kappa mínimo de 0,70, qualificando o processo de classificação como muito bom. Foi constatado que o entorno se apresenta mais degradado que a unidade de conservação (UC), onde a ausência de plano de manejo e problemas na efetividade da ZA estabelecida contribuíram para menores valores de áreas naturais. Por outro lado, a presença de outras UC conectadas favoreceu a proteção de recursos naturais no entorno. Percebe-se um ambiente mais fragmentado no entorno, onde a área ocupada pelos fragmentos pequenos e médios aumenta com a redução na área ocupada pelos fragmentos grandes. Apesar do efeito de borda potencialmente mais intenso nos fragmentos da ZA, observa-se um baixo grau de isolamento, com distâncias menores de 60 m, favorecendo iniciativas para aumento da sua conectividade. Foram identificados alertas de desmatamento em todos os parques, bem como nas suas ZA. Em um total de 895 alertas apenas 10 referem-se a áreas maiores que 5 ha. O parque com maior número de alertas é o da Serra do Gandarela, seguido pelos parques de Aparados da Serra e da Serra Geral, e pelo parque do Alto Cariri, com 680, 163 e 42 alertas, respectivamente. Além disso, 81% dos alertas são de desmatamento na modalidade corte raso, seguido por 18% na modalidade extração mineral. Avaliar a localização dos alertas auxilia na identificação de pontos de maior pressão antrópica para concentrar esforços locais de monitoramento ambiental.

A Mata Atlântica é um importante hotspot mundial de biodiversidade e serviços ecossistêmicos que relaciona-se com mais de 145 milhões de pessoas, cerca de 72% da população brasileira. Caracterizado como o berço do colonialismo europeu e detentor de uma vasta biodiversidade, a mesorregião Sul da Bahia tem apresentado altos índices de desmatamento, com impacto direto no modo de vida dos povos tradicionais, comprometendo o pouco que resta dos recursos naturais remanescentes. Neste contexto, esta pesquisa investigou os fatores históricos, econômicos e sociais que contribuíram para o acelerado processo de degradação da Mata Atlântica do Sul da Bahia no século XX e XXI, visando modelar as projeções de uso e ocupação da terra em cenários futuros de curto (2030) e médio prazo (2050). Trata-se de um pesquisa quali-quantitativa cujas abordagens descritivas e analíticas permitiram construir perspectivas futuras proporcionando avanços no conhecimento deste bioma. Além de lançar mão de análise de documentos históricos que corroboraram na compreensão do contexto historiográfico da degradação, utilizou-se a coleção 5 do banco de dados do Projeto de Mapeamento Anual de Cobertura e Uso do Solo no Brasil (MapBiomas), para análise da dinâmica de uso da terra e floresta, a partir da obtenção das taxas de ocupação de cada categoria com suas respectivas transições espaciais no período de 1985 a 2020. Os resultados obtidos permitiram delinear os cenários futuros por categorias de uso e ocupação,
revelando um contexto preocupante de expansão do agrossistema em detrimento às áreas naturais. Por fim, através de entrevistas estruturadas com agentes sociais que vivem a Mata Atlântica, foi possível compreender percepções e perspectivas de gestores, ativistas e povos tradicionais que se relacionam com o bioma. Espera-se que os resultados desta pesquisa auxiliem nas estratégias concretas de conservação da integridade ambiental da Mata Atlântica na região.

O código florestal brasileiro é um instrumento, criado pela Lei nº 12.651/12 (Novo Código Florestal), que determina e possibilita o cadastro ambiental rural dos imóveis e posses rurais junto aos órgãos estaduais de meio ambiente, para fins de regularização ambiental, controle e monitoramento, traz a necessidade de preservar áreas protegidas, como o Bioma Mata Atlântica, a nível nacional é o cadastro ambiental rural -CAR e no estado da Bahia o CEFIR - Cadastro Estadual Florestal de Imóveis Rurais. O objetivo da pesquisa foi identificar o quantitativo de CAR no Brasil, adesões ao PRA e as áreas de ocupação do solo que possuem CEFIR no Extremo Sul da Bahia já declarados, tendo um banco de dados para auxiliar nos monitoramentos ambientais do município de Caravelas, por meio de metodologia desenvolvida na própria pesquisa para auxiliar nas demandas da gestão ambiental municipal nas áreas de protegidas por lei, com a consequente responsabilidade pelos impactos de âmbito local, afim de garantir um meio ambiente ecologicamente equilibrado. A metodologia consistiu na pesquisa bibliográfica, obtenção de dados dos sistemas públicos do SICAR, SEIA BA, GeoBahia, SEMMA Caravelas e SNCR/INCRA, e sistematização com auxílio de software QGIS 3.16.9 Grass e Google Earth Pro 7.3, para uso de mapeamento da ocupação do solo dos imóveis rurais cadastrados, identificando o quantitativo de áreas de preservação permanente, reserva legal, irregularidades e atividades desenvolvidas por município no Extremo Sul. O CAR/CEFIR são sistemas que deveriam servir para colaborar com órgãos ambientais fortalecendo as ações de comando e controle, planejamento ambiental, combate a desmatamentos e manutenção dos recursos hídricos, no âmbito local. Contudo, os imóveis rurais analisados pelos órgãos ambientais competentes ainda se considera baixo o quantitativo monitorado. Este trabalho colaborou com o planejamento das ações da gestão ambiental do município de Caravelas, além da criação do cadastro ambiental municipal de Caravelas, em que auxiliou no monitoramento e regularização ambiental, onde foram declaradas 65 propriedades rurais e 138 notificações no período de 13 de abril de 2021 a 15 de novembro de 2022

Em meio à tradicional infraestrutura cinza presente nos ambientes urbanos, a arborização se revela um importante componente biótico, capaz de minimizar as externalidades negativas decorrentes da urbanização. Entretanto, em muitos municípios brasileiros a arborização não está incluída no planejamento urbano, favorecendo o surgimento de situações de incompatibilidade. Essa realidade também está presente em Teixeira de Freitas, município de localizado no Extremo Sul da Bahia. Diante dessa perspectiva, objetivou-se com esse trabalho obter um panorama da arborização urbana em cidades brasileiras, bem como, realizar a caracterização quali-quantitativa da arborização urbana de quatro transectos de Teixeira de Freitas, a fim de propor medidas que subsidiem um Plano Diretor Sustentável de Arborização Urbana para Teixeira de Freitas, compatível com Objetivos de Desenvolvimento Sustentável - ODS da Agenda 2030. Para tanto, foi realizada uma revisão sistemática de literatura, baseada na metodologia PRISMA 2020, e, a partir dos registros selecionados, elaborou-se uma lista de espécies, determinando a origem, forma de vida, frequência de espécies, e a abundância de indivíduos utilizados. Determinou-se a distribuição dos estudos por região, estado, e os principais problemas encontrados na arborização das cidades brasileiras. Em uma escala local, foi realizado um inventário qualiquantitativo da arborização presente em sete praças, três ruas e três avenidas, que correspondem a quatro trechos, cobrindo uma área de aproximadamente 339.348 m². Na revisão da literatura foram levantados 2.486 registros, sendo selecionados 197. Destacam-se as regiões Sudeste e Sul com os maiores números de publicações (29%, N=58; 28%; N=56). A partir dos artigos selecionados, obteve-se uma lista com 1.079 táxons, sendo determinadas 109 famílias e 938 espécies. Apontam-se Fabaceae a família mais representativa (19%; N= 208), e Ficus benjamina e Mangifera indica as espécies de maior frequência de citação (70%). Quanto à origem, 46% das espécies são exóticas e 54% são nativas, entretanto, nos estudos analisados foram utilizados 58% de exóticas e 42% de nativas, indicando uma priorização de exóticas na implantação da arborização, apesar da alta riqueza de espécies nativas no Brasil. Enquanto no levantamento da arborização urbana de Teixeira de Freitas registrou-se 1.217 indivíduos, pertencentes a 114 espécies e 41 famílias. Destacando Chrysobalanaceae como a família de maior densidade (30%), representada pela espécie Moquilea tomentosa. As espécies de origem exótica foram predominantes (76%). O Índice de Diversidade de Shannon-Weiner revelou boa diversidade (H’=3,207). Em relação aos aspectos dendrométricos obtiveram as médias: 7,34 m de altura total; 1,67 m de altura da primeira bifurcação; 0,38 m de diâmetro a altura do peito; 7,10 m de diâmetro da copa, 57,41 m² de área de projeção da copa, e 19% de percentual de cobertura arbórea. Quanto aos aspectos físico-sanitários, predominaram indivíduos com copas sadias (63%), tronco íntegro 58%), sem podas (74%), vigorosos (47%), raiz subterrânea (58%), sem danos às calçadas (66%), e com espaço livre adequado (90%). Os conflitos mais comuns foram com a fiação (21%), distância inadequada entre árvores (44%), fachadas (15%) e postes de iluminação (14%). Logo, torna-se necessário um maior comprometimento por parte dos órgãos competentes voltado à essa temática, e espera-se que os dados aqui apresentados possam fornecer subsídios para tornar as cidades brasileiras mais sustentáveis, especialmente Teixeira de Freitas.

Com os avanços das indústrias, tem se desenvolvido cada vez mais novos produtos químicos com benefícios significativos, mas em contra partida tem aumentado a quantidade de micropoluentes orgânicos, que engloba os contaminantes emergentes incluindo os fármacos. Diversas matrizes ambientais como águas, efluentes industriais, solos, sedimentos, emissões gasosas, amostras biológicas, alimentos se tronaram alvos de estudo. A cafeína (CAF) tem sido usada como traçador químico, sua principal fonte em ambientes aquáticos provém de esgotos. O diclofenaco (DIC) e 17αetinilestradiol (EE2), são de origem sintética, a presença de ambos em matrizes ambientais são de fontes antropogênicas. O objetivo desse estudo é determinar a presença de cafeína, diclofenaco e 17α-etinilestradiol como contaminantes emergentes em água superficial, por extração em D-µ-SPE e quantificadas por por cromatografia líquida de de alta eficiência (CLAEDAD). A área de estudo dessa pesquisa, são dois rios urbanos localizados na cidade de Porto Seguro – BA, rio dos Mangues e Mundaí. As figuras de méritos analíticos adotadas nesse estudo, foram a linearidade, exatidão, precisão, limite de detecção e quantificação, apresentaram resultados satisfatórios, atendendo aos critérios de validação do método analítico. As concentrações de cafeína encontradas no rio dos Mangues no P1apresentaram-se abaixo do LQ. Nos pontos P2, P3, P4, P5 e P6 obteve-se concentrações acima do LQ nas faixas de 0,2± 0,17 - 0,135± 0,3 µgL-1 . O rio Mundaí, todos os pontos apresentaram concentrações de cafeína acima do LQ entre 0,71 ± 0,6 – 39,8± 0,6µg L-1 . O diclofenaco apresentou concentrações abaixo do LQ em todos os pontos amostrais do rio dos Mangues e Mundaí. Concentrações altas foram encontradas de 17α-etinilestradiol, no rio dos Mangues e Mundaí, acima do LQ, nas faixas entre 23±3,8 - 40±2,8 µgL-1 e 24±0,8 – 152 ±2,86 µgL-1 , respectivamente. Com os resultados, existe indicativo de contaminação dos rios do Mangue e Mundaí por fontes de origem antrópicas.

A Educação Ambiental, no âmbito das Escolas do Campo, enfrenta atualmente muitos desafios a serem investigados. Principalmente, em escolas situadas em comunidades essencialmente agrícolas, onde o predomínio da monocultura impacta o meio socioambiental.
Todavia, nos últimos anos, surgem boas perspectivas à Educação Ambiental nas escolas do campo, que pressupõem um ensino crítco voltado para a formação social e política dos sujeitos do campo. Nesse contexto, a presente pesquisa objetivou conhecer os desafios e perspectivas do ensino de Educação Ambiental nas escolas do campo da comunidade de Vera Cruz, a partir da análise do plano escolar mais comumente chamado de P.P.P (Projeto Político Pedagógico). Para tanto, sua perspectiva metodológica está ancorada na pesquisa qualitativa, sobre tudo a partir das postulações da Pesquisa Bibliográfica, da Análise Documental e da Observação Participante. O trabalho em destaque está organizado no formato Multipaper, composto por dois artigos. Os dados foram coletados em três escolas do campo da comunidade de Vera Cruz no município de Porto Seguro/Ba: as escolas municipais Alcides Faustino Santos, Chico Lage e Tiradentes. Para subsidiar teoricamente a discussão da temática, aportamos nos estudos dos seguintes autores: Arroyo (1999; 2014), Buzcenko (2019), Caldart (2002; 2003), Carvalho (2008), Dias (2004), Fernandes (2008), Freire (1987), Gadotti (2002), Jacobi (1994), Leff (2001); Loureiro (2009), Molina (2004), Sato (2001), Sorrentino (2005), Zakrzevski (2004), dentre outros. A revisão de literatura teve por base os campos da Educação Ambiental, Educação do Campo, Projeto Político Pedagógico e da Agroecologia. Os resultados revelaram inadequações do PPP em relação às diretrizes da Educação do Campo e à ineficiência na formação docente voltada para a Educação
Ambiental, identificando esses como desafios para o ensino de Educação Ambiental nas escolas do campo da comunidade pesquisada. Por outro lado, o estudo também apontou o ensino de Agroecologia como uma perspectiva bem-sucedida para a Educação Ambiental nessas escolas.Espera-se que as reflexões e os resultados obtidos possam contribuir para a adequação dos PPP das escolas pesquisadas, bem como estimular discussões sobre a temática abordada. A pesquisa ressalta a importância de uma abordagem integrada, que promova a formação social e política dos sujeitos do campo, a fim de superar os desafios e avançar nas práticas de Educação Ambiental nas escolas do campo da comunidade de Vera Cruz.

A pesquisa abordou a relação entre fatores ambientais e a degradação ambiental, ocasionada pelas ações antrópicas sobre a saúde humana na dinâmica do aumento das doenças emergentes E reemergentes. O objetivo da pesquisa foi verificar as possíveis relações entre saúde e ambiente no domínio das notificações confirmadas de doenças emergentes e reemergentes, avaliando como fatores ambientais e a degradação ambiental podem potencializar a incidência de algumas doenças nos municípios do Sul da Bahia. Foram avaliados setenta municípios que compõe a mesorregião do Sul da Bahia, incluindo o perfil das seguinte doenças emergentes, reemergentes e respiratórias: Dengue, Zika Vírus, Chikunguya, Febre Amarela, Leishmaniose Tegumentar Americana, H1N1 e H3N2. Os dados foram obtidos nas bases do TABNET da Secretaria Estadual de Saúde da Bahia (SESAB/BA) e do Sistema de Informação de Agravos e Notificação (SINAN) do Ministério da Saúde no período entre 2009 a 2019. Os dados ambientais incluem a análise do uso da terra e florestas (Projeto Map Biomas), análise dos dados climatológicos de precipitação e temperatura (WorldClim), focos de (Programa de Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais -INPE). Os dados foram analisados utilizando a estatística com modelos generalizados lineares mistos, regressão parcial múltipla e análise de redundância para avaliar a relação ambientais e de saúde. Os dados apresentados demonstraram relação positiva entre os focos de incêndios e queimadas com o aumento do número incidência da Dengue, Zika vírus e Chikunguya, apesar da baixa correlação com a Febre Amarela, Leishmaniose Tegumentar Americana, H1N1 e H3N2 para os municípios do estudo, foi constatada também relação positiva com o IDHM e os casos de Dengue e negativa com H1N1 e H3N2, não houve relação significativa estatisticamente com o índice de Gini e as doenças deste estud

Os problemas ambientais constituem um dos desafios mais significativos que a humanidade enfrenta atualmente e, nesse cenário, as crianças são importantes agentes de transformação, uma vez que estudos sugerem que aquelas que se percebem mais conectadas à natureza tendem a apresentar comportamentos pró-ambientais na vida adulta. O estudo da conexão com a natureza objetiva melhor entender e explicar os elementos que influenciam ou interferem na relação entre natureza e ser humano. O construto conexão com a natureza compreende um conceito multidimensional de relacionamento com o mundo natural, remetido a uma ligação cognitiva, afetiva e experiencial. Essa conexão contribui para o desenvolvimento saudável das crianças, promove bem-estar e influencia em comportamentos ambientalmente amigáveis. O presente estudo investigou a percepção e o contato com a natureza de 50 crianças com idade entre 7 e 11 anos completos, estudantes do ensino fundamental em uma escola privada em Porto Seguro (BA), antes e durante a pandemia de Covid-19. A pesquisa de caráter qualitativo utilizou o grupo focal metapresencial como técnica para coletar os dados. Os dados qualitativos foram analisados de acordo com a estratégia metodológica do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC) e os dados quantitativos são apresentados como nuvem de palavras. Os resultados revelam que as crianças compreendem natureza como um lugar às vezes distante do seu cotidiano. Entretanto, compreende um lugar de diversão, lazer e descanso, benéfico para o bem-estar, com destaque para sua importância funcional e utilitária. Aspectos do mundo natural relativos aos elementos bióticos e abióticos foram destacados para conceituar a natureza, além de fenômenos naturais. Os elementos bióticos (vegetais) estão entre as palavras mais citadas. Cerca de 76% das crianças se consideram parte da natureza, o que presume uma dimensão cognitiva de conexão. O contato das crianças com a natureza (dimensão experiencial) acontece enquanto brincam em ambientes naturais, quando cuidam, ajudam e convivem com o meio natural. Ao todo, 80% das crianças acreditam que tiveram contato frequente com a natureza durante a pandemia, sendo que 28% apontam que tais experiências aumentaram durante a pandemia em razão de terem mais tempo livre e perceberem a importância de se manterem conectadas. Além disso, 42% das crianças sentiram falta do contato com a natureza no período da pandemia. Dez ideias centrais foram identificadas em discursos que mostram o interesse das crianças em estarem em contato com a natureza em um contexto pós-pandemia. Portanto, assumimos que os dados podem subsidiar políticas públicas e estratégias educacionais que favoreçam maior contato e conexão com a natureza, potencialmente minimizando os impactos da pandemia de Covid-19 sobre as crianças.

O assédio moral e/ou sexual no ambiente de trabalho é um problema social agravado pelas desigualdades de gênero. Este cenário não é diferente nas ciências ambientais, as mulheres, de modo geral, enfrentam várias barreiras tais como: preconceito de gênero, falta de oportunidades/reconhecimento e assédio moral e sexual. O objetivo geral desta pesquisa é realizar uma análise das situações de assédio moral e sexual vivenciadas por pessoas que trabalham embarcadas no Brasil, na área de ciências ambientais. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo CEP/UFSB (CAAE: 39142320.90000.8467-Número do parecer: 4.678.449) em 28 de abril de 2021. É um estudo exploratório que utilizou um instrumento de pesquisa semi-estruturado com um total de 33 questões (fechadas e abertas). O formulário online foi divulgado e disponibilizado durante o período de 12 de maio a 07 de agosto de 2021. Um total de 262 pessoas participaram da pesquisa. Os resultados da pesquisa foram analisados com abordagens quali e quantitativas. Para a avaliação quantitativa dos dados está sendo utilizado o programa MATLAB®. Esta dissertação contém dois capítulos: o primeiro corresponde ao artigo “Situações de Assédio em Embarcações no Brasil”, cujos objetivos consistem em analisar o perfil das vítimas de assédio em embarcações em relação aos recortes de idade, cor/raça/etnia, gênero e ocupação, analisando as diferenças de gênero entre os membros da equipe, tipo de embarcação, setor de trabalho e o gênero e a posição hierárquica do agressor. O segundo capítulo “Prevenção do Assédio em Embarcações: Um Guia Prático para os Gestores” no intuito  auxiliar na elaboração de ações de prevenção do assédio no âmbito do trabalho de campo embarcado no Brasil,  além de descrever os principais motivos que dificultam as denúncias de situações de assédio moral e sexual.

O Brasil se tornou o maior produtor e exportador mundial de diversos produtos, como: o açúcar, o café e o suco de laranja; o segundo maior exportador de milho e de óleo e farelo de soja; e o   maior produtor de soja em grãos e terceiro de produção de milho. A Região Econômica Extremo Sul da Bahia (RESB) apresenta fatores favoráveis a expansão das commodities cana-de-açúcar e café, pois limita-se aos principais produtores de cana-de-açúcar e café do Brasil. Os principais municipios produtores de cana-de-açúcar são: Caravelas, Mucuri, Medeiros Neto, Nova Viçosa, Lajedão, Ibirapuã e Santa Cruz Cabrália. E os principais produtores de café são: Prado, Itamaraju, Porto Seguro, Eunápolis, Teixeira de Freitas e Itabela. A expansão dessas culturas agrícolas apresenta vantagem econômica para a região, com reflexos no PIB. Por outro lado, apresenta pouca contribuição para a melhoria do IDHM dos municipios, que estão abaixo da média estadual e nacional. Além disso, a expansão dessas culturas não garantiu a fixação das populações no campo e pode contribuir para a intensificação dos conflitos pelo uso da terra com os povos do campo e populações indígenas. Adicionalmente, pode agregar pressão aos recursos naturais como a vegetação e os recursos hídricos, que já se encontram afetados por outras atividades antrópicas.

As Instituições Federais de Ensino Superior - IFES são, por excelência, os espaços de reflexão sobre os desafios da sociedade, de produção de conhecimento e de desenvolvimento de soluções para fazer frente a estes desafios. Adicionalmente, os postos decisórios no âmbito de políticas públicas, bem como em ambientes da iniciativa privada, via de regra, são ocupados por pessoas formadas pelas Instituições de Ensino Superior - IES. Neste sentido, as experiências produzidas pelas IES desempenham importante papel na orientação das escolhas feitas pela sociedade. Todavia, promover a sustentabilidade na administração pública é um grande desafio. Pensando nisto, o Governo Federal brasileiro publicou o decreto n° 7.746/12, estabelecendo critérios e práticas para a promoção do desenvolvimento nacional sustentável, cabendo à administração pública federal direta, autárquica e fundacional e às empresas estatais dependentes a elaboração e a implementação de Planos de Gestão de Logística Sustentável-PLS. Em essência, o PLS é um instrumento de planejamento que orienta as ações da administração pública para atender aspectos da sustentabilidade. Embora os critérios mínimos definidos pelos documentos que normatizam a construção do PLS sejam voltados para aspectos de consumo e de logística, há espaço para reflexão e planejamento de ações que ampliem os interesses dos grupos sociais. Desde que as pautas ambientais começaram a ganhar espaço nas décadas de 60/70, concepções sobre diversos entendimentos do que vem a ser Sustentabilidade, Meio Ambiente e Educação Ambiental vem ampliando seu campo de debate. Compreendemos que as IES são espaços privilegiados de construção de consensos para a sociedade e que o PLS pode se tornar um instrumento que busca não apenas a promoção do desenvolvimento sustentável, mas abre caminho para a possibilidade da construção de diálogo. O estudo aqui apresentado analisou a construção do PLS da UFSB buscando identificar os caminhos da sustentabilidade na instituição e ampliou o estudo para outras IFES no Brasil, buscando entender como outras instituições lidam com a construção desses planos. Um resultado importante desta pesquisa está na definição da Política Nacional de Educação Ambiental – PNEA como iniciativa a ser observada dentro do plano trazendo princípios básicos da política como o pluralismo de ideias e concepções pedagógicas e objetivos como o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente fortalecendo o diálogo institucional dentro do processo de construção do plano.

Com a crise da modernidade, ditada pelo consumo alienante e uso inconsequente dos recursos naturais, políticas públicas ambientais foram necessárias para mediar a relação entre a natureza e a sociedade. Considera-se o Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC e a Política Nacional de Educação Ambiental – PNEA duas dessas políticas. Neste trabalho, temos o estudo de caso de uma Unidade de Conservação - UC classificada como Parque Nacional (PARNA): o Parque Nacional do Pau Brasil (PNPB). Nosso objetivo geral é contribuir para a construção de sociedades sustentáveis através da análise de possíveis nexos entre a constituição de um colegiado socioambiental – Câmara Temática de Educação Ambiental (CTEA) – de uma Unidade de Conservação e o aumento da potência de agir deste coletivo e dos envolvidos no processo de sua fundação e de seu funcionamento. Potência de agir é um conceito que foi elaborado pelo filósofo holândes Espinosa, com isso, realizamos a análise dos resultados sob a ótica de sua filosofia. Para a execução da metodologia adotamos o estudo de caso e as seguintes ferramentas: triangulação, análise documental, entrevistas narrativas e a análise textual discursiva. Assim, respondemos à pergunta problema deste trabalho: “A fundação de um colegiado socioambiental, em uma Unidade de Conservação, pode aumentar a potência de agir dos envolvidos nesse processo?” Observamos através da análise dos resultados que sim é possível, porém houve e ainda há muitos desafios a serem superados como a falta de comunicação, a sobrecarga dos gestores da UC, além do desmonte político ambiental e a pandemia que dificultaram muito as atividades da CTEA durante o período da pesquisa. Constatamos a relação direta entre a participação e a potência de agir, refletindo em uma aproximação entre a UC e a comunidade de seu entorno. Verificamos ainda que quando se oportunizam espaços de diálogo e participação em uma UC ocorrem diversos desdobramentos positivos para as pessoas envolvidas, aumentando sua confiança e consequentemente advêm desdobramentos positivos para a UC através de projetos socioambientais executados por esses atores, agora potentes. Essa pesquisa se constitui em uma possível ferramenta no auxílio para a construção de sociedades sustentáveis, na qual todos e todas são atores participativos. 

Diversas e multifacetadas são as variáveis presentes e necessárias à compreensão das questões ambientais na atualidade. Para além dos desafios locais, a reverberação dos impactos ambientais alcança longas distâncias, antes inimagináveis, não respeitando fronteiras nem diferenças culturais, econômicas, étnicoraciais e/ou de quaisquer espécies. As Unidades de Conservação (UC) foram instituídas com o objetivo de, entre outros, promover a conservação de ecossistemas e proteger a biodiversidade de modo representativo em toda a extensão nacional. Nessa perspectiva, foi instituída a primeira UC do município de Vitória da Conquista, o Parque Municipal da Serra do Piripiri (PMSP), no ano 1996, cuja gestão é objeto deste estudo, cujo objetivo central foi Analisar as aproximações e distanciamentos entre a proposta de gestão ambiental do Parque e o executado (políticas públicas implementadas), sob a ótica de diferentes sujeitos sociais – do poder público à sociedade civil, em consonância com o eixo Gestão, política e manejo e Ambiental do Programa de pós graduação em ciências e tecnologias ambientais – PPGCTA da Universidade Federal do Sul da Bahia – UFSB, em associação com o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia – IFBA. A realização de um diagnóstico, metodologicamente classificado como estudo de caso, permitiu: I. Compreender o modelo de gestão ambiental proposto pela Prefeitura de Vitória da Conquista para a UC; II. Verificar a relação entre ações propostas e as ações implementadas pelas políticas públicas para a gestão ambiental da UC – 2019 a 2021; III. Analisar a percepção do gestor e dos usuários do Parque a respeito dos objetivos propostos na criação da UC e as ações implementadas; IV. Compreender a relação entre a cidade e o Parque e; V. Identificar as aproximações, distanciamentos, contradições e desafios da gestão ambiental na implementação de políticas públicas na UC. Para tanto, a revisão bibliográfica foi a principal fonte de informação, que, analisada e correlacionada com a pesquisa de campo, auxiliou na elaboração deste produto final, tendo em vista as necessidades e possibilidades do PMSP e de sua administração, sem perder de vista a dinâmica entre a UC e a cidade. A pesquisa em tela oportunizou a compreensão do modelo de gestão aplicado à UC Parque Municipal da Serra do Piripiri como inapropriado vez que, existem riscos de inviabilização dos objetivos de sua criação ao longo do tempo. Uma matriz SWOT (forças, fraquezas, ameaças e oportunidades) e a apresentações das percepções e considerações dos usuários e visitantes do Parque, corroboram os achados da pesquisa e serviram de fundamento para as perspectivas e recomendações. As indicações para reversão dos aspectos negativos perpassam pela viabilização da participação social na gestão e no aumento dos recursos necessários à promoção da educação ambiental crítica e emancipatória e qualificação/ampliação das ações de fiscalização e monitoramento. Entre as forças enumeradas, a percepção dos usuários como sendo o lugar importante e relevante, muito embora estes usuários não residam no entorno do PMSP, sendo este um aspecto que nos reporta à necessidade de aprofundamento do estudo, sob a perspectiva da percepção ambiental, numa oportunidade futura. 

O monitoramento das comunidades do zooplâncton é uma ferramenta útil para identificar alterações ambientais e contribuir para a conservação da biodiversidade em escala global, devido à importância trófica deste grupo. Copepoda é o grupo mais abundante do zooplâncton e sua diversidade, curto ciclo de vida e versatilidade alimentar, fazem deste grupo um bom bioindicador ambiental. A foz do Rio Buranhém, principal rio do município, se encontra no centro da cidade de Porto Seguro, no extremo sul da Bahia. A costa dessa região é permeada por formações recifais, incluindo áreas marinhas protegidas. O objetivo deste trabalho foi caracterizar a distribuição espacial da comunidade mesozooplanctônica, com ênfase em Copepoda, para compreender possível influência do rio Buranhém para as zonas recifais e Plataforma Interna adjacente à região costeira. Esta dissertação está dividida em dois capítulos. Inicialmente fizemos uma revisão bibliográfica para descrever o atual cenário da pesquisa planctônica no Brasil, principalmente no Nordeste. No segundo capítulo, fornecemos a primeira lista de espécies de Copepoda compreensiva da região costeira de Porto Seguro e descrevemos os aspectos relacionados à variação espacial da comunidade mesozooplanctônica entre os diferentes ambientes estudados, com ênfase em Copepoda. As amostras foram coletadas em quatro ambientes: estuário, Plataforma Interna, costa e recife; totalizando 41 amostras em cinco campanhas. Coletamos zooplâncton por meio de arrastos verticais com rede cônica simples (200µm) e preservamos em formaldeído 4%, para posterior triagem e identificação em laboratório. Realizamos perfis verticais de temperatura e salinidade, e a profundidade do disco de Secchi, além do levantamento de dados para vento, vazão e pluviosidade para a caracterização ambiental. Os ambientes estuarino e costeiro tiveram maior diversidade de Copepoda em oposição ao recifal e de Plataforma Interna. Foi possível caracterizar os diferentes ambientes de acordo com a estrutura da comunidade do mesozooplâncton. Discutimos como os parâmetros de salinidade, temperatura, pluviosidade e a vazão do Rio Buranhém influenciaram na estrutura da comunidade do mesozooplâncton costeiro.

A conexão com a natureza compreende o meio pelo qual o indivíduo inclui a natureza em sua representação cognitiva do self, baseados em aspectos cognitivos, emocionais e experienciais. Este trabalho investigou a conexão com a natureza de crianças com idades entre 8 e 11 anos, durante a pandemia da COVID–19 na Costa do Descobrimento, no Nordeste do Brasil. Utilizamos questionário online (n = 55) e estrevistas por telefone (n = 21) para coletar os dados, que posteriormente foram analisados mediante estatística descritiva e a abordagem do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC). Quando as crianças pensam na natureza, elas lembram das árvores (n = 26; 15,75%) e gostam dos animais (n = 32; 19,39%). Nos DSCs produzidos, a ideia central “Ter contato com a natureza” (n = 13; 61,90%) destacou-se e revelou o que as crianças gostariam de ter feito, mas não puderam devido à COVID-19. As crianças demonstraram descritores de afeto positivo que refletem sua conexão com a natureza. Além das diferentes dimensões dessa conexão, nós percebemos valores ambientais altruístas e biosféricos nos discursos analisados.

A faixa de Florestas Ombrófilas pertencentes ao sul da Bahia e norte do Espírito Santo é um dos principais centros de endemismos da Mata Atlântica e possui vasta riqueza de espécies. O sistema cabruca, assegurou grande parte da conservação da biodiversidade e riqueza da região. O Assentamento Pau-Brasil, Itamaraju-BA, possui uma área de 325 ha com cacau cabruca, implantado há cerca de 90 anos. Esta pesquisa teve como objetivo, realizar a caracterização florística dos fragmentos com plantios de cacau da área, conduzir uma análise fitogeográfica, através da comparação do local com as florísticas de outros locais de Mata Atlântica e elaborar uma lista de espécies nativas comercializáveis, para geração de renda dos moradores. O levantamento florístico foi realizado durante o período de janeiro de 2019 a janeiro de 2020, através de 32 expedições de coletas. Para identificação foram utilizadas literatura especializada, acervo dos herbários e consulta a especialistas. A classificação da vegetação e das fitofisionomias seguiram o Manual Técnico da Vegetação Brasileira e a análise da flora coletada. A comparação florística com outros fragmentos de Mata Atlântica foi realizada por similaridade, utilizando-se o índice de Jaccard (SJ) e o método de associação média UPGMA para o agrupamento, conduzida no software PAST 3.09. Os nomes científicos foram conferidos e atualizados seguindo a Flora do Brasil 2020 online e IPNI. Para a lista de espécies nativas comercializáveis foi realizada uma pesquisa bibliográfica baseada no potencial de uso (p.ex. medicinal, madeireiro, alimentício) das espécies. Foram levantados documentos presentes na plataforma Google Scholar. Em seguida, foi gerado um ranqueamento das espécies, utilizando o Índice de Ordenação (Ranking) para classificar aquelas com maior número de usos. As espécies melhor ranqueadas foram analisadas nas plataformas Web of Science, Portal Periódicos CAPES, Scopus e SciELO no período de 2010-2020 e o Valor de Uso (VU) foi calculado. Foram coletadas 1.800 amostras pertencentes a 96 famílias, 253 gêneros e 366 espécies, registradas em quatro fitofisionomias, dentro dos locais de cabruca: 1) cabrucas em matas; 2) cabrucas em matas ciliares; 3) vegetação sobre lajedos; e 4) cabrucas em áreas perturbadas. Foram encontradas quatro novas espécies pertencentes às famílias Araceae (2 spp.), Connaraceae (1 sp.) e Salicaceae (1 sp.), 67 spp. endêmicas do bioma Mata Atlântica e 15 spp. ameaçadas de extinção. A vegetação é caracterizada como Floresta Ombrófila Densa Submontana e o Assentamento agrupou-se com uma área protegida de Uso Sustentável: RPPN Reserva Natural Serra do Teimoso; mas a análise florística mostrou baixa similaridade entre os fragmentos, confirmando a heterogeneidade do bioma. A busca no Google Scholar reuniu 4.476 materiais e nas demais plataformas 4.106, com informações sobre 159 (69%) das 231 espécies nativas analisadas. Foram encontradas 13 categorias de usos e selecionadas 29 espécies com os maiores Índices de Ordenação (IO = 0,0013 a 0,0024). Dentre as espécies com maior multiplicidade de usos estão Eugenia uniflora (pitanga), Bixa orellana (urucum) e Eschweilera ovata (biriba) (VU = 0,0003-0,0017).

O objetivo maior da Educação Ambiental é fomentar a conservação da biodiversidade, considerando também a auto-realização individual, social e comunitária, por meio de práticas que desenvolvam beneficios ao meio ambiente e a qualidade de vida, por isso o reconhecimento da sua importância é cada vez maior em toda sociedade. A presente pesquisa busca identificar como se dão as práticas pedagógicas de educação ambiental no Colégio Estadual Indígena Tupinambá de Acuípe de Baixo em Ilhéus – BA. A partir disso, pretende-se compreender se há na instituição educacional reflexos dos efeitos jurídicos e sociais previstos nos dispositivos legais que garantem a promoção da educação ambiental, além da conscientização para preservar o meio ambiente e retomar a própria identidade étnica. Aplicou-se uma metodologia qualitativa, através de pesquisa bibliográfica e coleta de dados, por meio da Matriz de Indicadores de Educação Ambiental para Avaliação da Sustentabilidade Socioambiental na Escola. Além disso, incluiu questionários e entrevistas com professores, gestores e lideranças da escola e da comunidade ao seu entorno, no intento de produzir um estudo de caso da Educação Ambiental Indígena na escola supracitada que está localizada em uma comunidade indígena Tupinambá. Contrastando os dados obtidos com as legislações e Políticas Públicas em vigor. Assim o trabalho pretende dar um retorno ao Poder Público e às instituições de ensino, à sociedade, de maneira especial à população local, sobre a realidade da EA em uma escola indígena, suas especificidades, necessidades e potencialidades, e como isso pode ser melhorado. Destaque-se que no decorrer da pesquisa percebeu-se a EA existente na escola possui importantes saberes e práticas que podem ser replicadas em outras escolas e assim contribuir para implementação de uma EA crítica, transversal e contínua.

A cada ano, a necessidade de alimento aumenta em decorrência do crescimento populacional e do padrão de consumo e faz com que a expansão da produção agrícola acelere, gerando cada vez mais resíduos. O descarte inadequado destes resíduos é um problema em várias regiões do Brasil e não é diferente no Extremo Sul da Bahia, que possui uma elevada produção agrícola, principalmente de cana-de-açúcar. Esta, por sua vez, gera um grande volume de resíduos agrícolas descartados inadequadamente, que causam diversos danos ambientais. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar, inicialmente, as alternativas utilizadas no reaproveitamento dos resíduos agroindustriais produzidos pelas culturas agrícolas com potencial aplicação para a região do Extremo Sul da Bahia, Brasil. Além disso, este trabalho objetivou analisar a viabilidade da produção de briquetes (lenhas ecológicas), utilizando como matéria-prima secundária o bagaço, resíduo do processamento da cana-de-açúcar, trazendo através da comercialização destes briquetes produzidos uma nova oportunidade de renda para as agroindústrias do Extremo Sul da Bahia, Brasil. Na primeira etapa foi realizada uma revisão sistemática através da busca de artigos científicos nas bases SciELO, Scopus e Web of Science, utilizando as palavras-chave "bioproduct" e "waste", nos anos de 2015 a março 2021. Na segunda etapa foi efetuada uma pesquisa exploratória, que visou oferecer informações sobre o objeto desta e orientar a formulação de hipóteses. A coleta de dados foi realizada através de pesquisa bibliográfica e pesquisa de mercado direto com fornecedores. Para a realização da análise financeira do empreendimento e verificação do Payback, Taxa Interna de Retorno (TIR) e Valor Presente Líquido (VPL), utilizou-se planilha eletrônica. Os resultados apresentaram 93 resíduos agroindustriais derivados de 48 produtos agrícolas que geraram mais de 200 bioprodutos, o que demonstra o potencial do tema para a criação de vários bioprodutos na região, principalmente com resíduos de cana-de-açúcar. Na análise financeira, a comercialização dos briquetes elaborados a partir do bagaço da cana-de-açúcar apresentou um lucro líquido, após Imposto de Renda, de R$ 1.750.597,27 em 10 anos, TIR de 73%, VPL de R$ 532.207,39, Payback de apenas 18 meses e Taxa Mínima de Atratividade superior a 18%, para produção de 54 toneladas/mês de briquetes produzidos, reaproveitando em torno de 156 toneladas de bagaço/mês. A implantação deste empreendimento indica possibilidade de uma nova fonte de renda, além de trazer benefícios econômicos, sociais e ambientais à região.

A etnobotânica é uma ciência que busca o resgate da relação de afinidade entre o ser humano e as plantas, podendo evidenciar necessidades das comunidades e usos de cada planta. Neste sentido, a Reserva Pataxó da Jaqueira (RPJ) necessita que haja estudos quanto ao conhecimento botânico dos próprios indígenas a fim de implementar, gerar renda aos mesmos e evidenciar a  relação ancestral do povo Pataxó. Desta forma, o objetivo do presente trabalho foi de realizar o levantamento etnobotânico de espécies com potencial para extração de óleo e/ou resina na RPJ localizada no município de Porto Seguro - BA, promovendo a possibilidade de geração e diversificação de renda para as populações envolvidas, com aproveitamento racional dos recursos naturais presentes nestas áreas. Foi realizado estudo bibliométrico dos trabalhos etnobotânicos no Brasil na década de 2010 a 2020. Para realização do estudo etnobotânico de espécies com potecial para extração de óleo na RPJ, ocorreram entrevistas com integrantes da comunidade e as coletas botânicas foram realizadas com a participação de integrantes da comunidade. Nas análises das publicações etnobotânicas verificou-se que, o destaque do Journal of Ethnopharmacology como principal fonte de publicações dos estudos etnobotânicos na ultima década, a região Nordeste se concentrou o maior número de trabalhos realizados, a Mata Atlântica foi o bioma onde houve mais estudos etnobotânicos e as plantas medicinais demostraram serem o cerne das pesquisas etnobotânicas nos últimos anos. As análises das entrevistas denotam uma rica diversidade de espécies e usos diversos, sendo encontradas 21 plantas com potencial para extração de oleo e/ou resina ocorrentes na RPJ. Entre as mais citadas, tem-se a espécie Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand (amescla), sendo amplamente mencionada e utilizada para extração de resina, em rituais e no tratamento de doenças, havendo o maior valor de uso para a comunidade. O conhecimento quanto as plantas com potencial para extração de óleos e/ou resina mencionadas nas entrevistas demostra a forte riqueza cultural e relação dos indígenas da comunidade da RPJ com os recursos naturais da reserva, evidenciados por etnoconhecimentos aplicados ao uso medicinal e processos de extração. Por fim, ressaltamos a importância da valorização deste conhecimento através de ações de retorno de resultados à comunidade pesquisada, bem como a continuidade de pesquisas que avancem na investigação.

As plantas medicinais são utilizadas para tratar enfermidades há muito tempo. Com a grande diversidade de espécies vegetais e o aumento da procura de fitoterápicos, diversos estudos surgiram para que esses compostos possam ser validados e utilizados como tratamento farmacológico. Dentre esses estudos, a pesquisa por substâncias fotoprotetoras tornou-se fundamental para prevenção de doenças relacionadas à exposição à radiação solar. Dentre as consequências dessa exposição, tem se a produção de radicais livres, espécies reativas de oxigênio, e estímulo de produção de enzima tirosinase, que leva a danos que podem ser irreversíveis à pele.
Este trabalho apresenta dois artigos, onde o primeiro apresenta uma revisão associativa de plantas brasileiras que foram avaliadas quanto ao seu efeito fotoprotetor e inibidor da tirosinase in vitro, no período de 2010 a 2020, utilizando as bases de dados Pubmed, Scopus e Google acadêmico. Verificou-se estudos em cinco biomas brasileiros, sendo a família das Fabaceae a que apresentou mais estudos. Todos os trabalhos apresentaram plantas com atividade inibitória da tirosinase (AIT), desde baixa a forte atividade e as que avaliaram o Fator de proteção solar (FPS) conjuntamente com a (AIT) apresentaram correlação positiva, sendo promissoras para uso terapêutico. A (AIT) foi atribuída a compostos químicos: ácido kójico, timol, espilantol, quercetina, rutina pertencentes às mais variadas classes de metabólitos secundários como compostos fenólicos.
O segundo artigo utilizou plantas com ocorrência no bioma Mata Atlântica do Sul da Bahia objetivando avaliar o teor de fenólicos totais e a relação entre atividade antioxidante e fotoprotetora utilizando uma otimização de misturas para verificar qual a mistura de solvente é mais eficaz. Três plantas foram avaliadas: Copaifera lucens Dwyer, Schnella angulosa (Vogel) Wunderlin e Miconia albicans (S.W) Triana, onde os resultados encontrados revelaram que a Copaifera lucens Duyer apresentou maior teor de fenólicos e a Schnella angulosa (Vogel) Wunderlin (caule) apresentou melhor atividade antioxidante. Apesar de apresentarem (FPS), nenhuma espécie apresentou valores significativos exigidos pela legislação para utilização como filtro solar.

O quadro de degradação ambiental resultante das atividades antrópicas, acentuadamente a partir da Revolução Industrial, vem motivando estudos científicos que apontam para a necessidade de adoção de medidas mitigadoras que mantenham os impactos ambientais dentro dos limites de resiliência dos ecossistemas. A tributação ambiental, fundamentada no princípio do poluidor-pagador, vem sendo adotada por determinados Estados Nacionais, em especial no âmbito da União Europeia, como uma dessas medidas mitigadoras dos impactos ambientais, direcionada a dissuadir o produtor de empreender, ou motivá-lo a reduzir, atividade com potencial de causar danos ambientais, e redistribuir os custos dos danos aos seus causadores, evitando, assim, a imposição injusta desses custos à sociedade. Nesse contexto, a presente pesquisa analisou os instrumentos de política ambiental predominantes no Brasil e os fundamentos da tributação ambiental, com foco no tributo em sua essência extrafiscal, tendo como função precípua o incentivo à mudança de comportamento por parte dos agentes poluidores. Fez-se um estudo de caso da taxa de visitação do Parque Natural Municipal Marinho do Recife de Fora (PNMMRF), localizado na costa do município de Porto Seguro/BA, verificando sua natureza jurídica e a aplicação da receita arrecadada, comparando-a com outras prestações pecuniárias de natureza ambiental instituídas no Brasil. Os resultados demonstraram a necessidade de implementação de uma política de tributação ambiental ampla no Brasil, baseada no princípio do poluidor-pagador, como alternativa, em combinação com as políticas já existentes, para a mitigação da sua grave crise ambiental, pois induziria os potenciais poluidores a adotarem medidas voltadas para reduzir as externalidades ambientais negativas e/ou promover as externalidades ambientais positivas, além de arrecadar recursos financeiros para o aplicação exclusiva da defesa do meio ambiente. Ficou demonstrado também que as denominadas taxas ambientais atualmente existentes no Brasil, incidentes sobre determinados setores da economia, não podem ser consideradas tributo ambiental em sentido estrito e ainda são insuficientes para mitigar a crise, embora contribuam parcialmente para a manutenção do meio ambiente ecologicamente equilibrado. Por fim, a pesquisa demonstrou que a taxa de visitação do PNMMRF não se constitui em tributo, não possuindo o condão de política ambiental, mas foi instituída apenas como uma fonte parcial de sustentabilidade econômica da unidade de conservação PNMMRF. Não foi possível verificar se o recurso arrecadado com a taxa de visitação está sendo aplicado exclusivamente na proteção ambiental da própria unidade de conservação ou em outras políticas ambientais, pois o processo de contabilização desse recurso não permite identificação clara de sua origem. O estudo aponta para a necessidade de instituição de um tributo com fins ambientais sobre as atividades turísticas desenvolvidas no PNMMRF, de forma a inibir o aumento desenfreado dessas atividades e arrecadar recursos financeiros para serem aplicados exclusivamente em políticas públicas ambientais no âmbito do município.

O convívio entre as árvores e a infraestrutura urbana deve ser regulado através do planejamento da arborização urbana, que poderá com isso, proporcionar todos os benefícios sociais e ambientais, resultando bem-estar e qualidade de vida à população. Diante disso, o presente trabalho analisou a composição florística e os conflitos entre as árvores e a infraestrutura urbana da arborização existente em oito bairros, incluindo nove praças da cidade de Almenara-MG. Foram avaliados os aspectos de frequência, origem e localização na rede viária da cidade. Além disso foram identificados os conflitos com rede elétrica, edificação e o trânsito de pessoas e veículos. Foram encontrados 2038 indivíduos arbóreos na rede viária e 221 nas praças. Nas ruas foram encontradas 61 espécies de 22 famílias, nas praças 36 espécies de 18 famílias botânicas. sendo 50% nativas do Brasil. Nas praças, a espécie com a maior frequência de indivíduos foi a Licania tomentosa (Benth.) Fritsch com 17,19%, e nas ruas foi a Azadirachta indica com 20%. As praças apresentavam aspectos de relevância ambiental, com alta porcentagem de cobertura vegetal (61,95%) e boa densidade média (114 ind/ha). Entretanto, há um baixo índice de diversidade de Shannon (1,79), além de conflitos como obstrução da passagem de pedestres pelo afloramento de raízes, e a identificação de problemas de sanidade. Já as árvores de rua, a situação de maior desconforto para a mobilidade urbana foi das árvores posicionadas na faixa de rolamento (56%), 74% das calçadas com largura inferior a 1,90 m (recomendével), e média de altura de primeira bifurcação abaixo do recomendado (1,80 m). Além disso, 87% das árvores não possuiam canteiro adequado; 24% causaram danos por afloramento; e 48% possuiam algum problema sanitário. Apenas 16% dos indivíduos arboreos apresentavam conflitos com a rede elétrica, justicada pela recém implantação das árvores, ainda assim, 9% apresentaram conflitos com postes de iluminação. Foi verificado, portanto, que a população deve ser orientada quanto à sua participação no manejo das árvores, bem como da valorização ao patrimônio arbóreo da cidade; além da necessidade de elaboração de um plano de arborização para o município. Logo, este diagnóstico pode ajudar a subsidiar a revisão do plano diretor da cidade, bem como a criação de um futuro plano de gestão de arborização urbana no município e alerta para outras cidades pequenas.

A bacia do rio Itanhém no Extremo Sul da Bahia é responsável pelo abastecimento de água nos municípios de Medeiros Neto e Teixeira de Freitas e recebe diariamente inúmeras cargas de efluentes domésticos e industriais, que comprometem a qualidade de suas águas. Nesse contexto, objetivou-se avaliar a qualidade da água e identificar os grupos de poluição ou contaminação presentes do rio Itanhém com base nos parâmetros físicos, químicos e microbiológicos, nos trechos entre os municípios de Teixeira de Freitas e Medeiros Neto, no período de agosto de 2018 a julho de 2019, e comparar com os parâmetros estabelecidos na resolução CONAMA 357/2005. Foram realizadas 12 coletas, em oito pontos localizados dentro dos perímetros urbanos e fora desses núcleos, no intuito de verificar o nível de interferência da localização. Os dados dos parâmetros Oxigênio Dissolvido (OD), potencial hidrogeniônico (pH), potencial de oxi-redução (mVORP), salinidade (PSU), condutividade elétrica (CM), sólidos totais dissolvidos (TDS) e temperatura (TEMP) foram obtidos por meio da sonda multiparamétrica HI 9829 HANNA Instrumentos®, com leituras realizadas, in loco. Somando-se aos parâmetros citados, foram realizadas análises em laboratório para a obtenção da Amônia, Nitrito e Nitrato, DBO e Coliformes Termotolerantes. Todos os parâmetros analisados foram utilizados para medir a qualidade da água do rio em destaque, tanto nos pontos mais próximos a aglomerações urbanas, nos quais foram constatados lançamentos de efluentes com cargas elevadas de matéria orgânica, que comprometem a qualidade da água, quanto nos mais distantes das zonas urbanas, os quais, por conseguinte, estão mais afastados dos pontos de despejo de efluentes. Com o objetivo de avaliar os impactos gerados por atividades econômicas desenvolvidas no entorno do rio, realizou- se também um estudo, através do ArcGis®, para verificar as culturas desenvolvidas dentro da bacia hidrográfica em estudo. Tal procedimento foi realizado a fim de obter dados comparativos entre pontos próximos aos lançamentos de efluentes e outros mais distantes destes. Os dados foram analisados por meio da estatística descritiva, teste de Shapiro-Wilks, teste não-paramétrico de Kruskal-Wallis, análise de variância, teste Tukey (paramétrico) ou Wilcoxon (não-paramétrico). Também foi realizado a análise de correlação de Pearson (paramétrica) ou Spearman (não-paramétrica). Todas as análises foram realizadas ao nível de 5% de probabilidade (P<0,05). Realizou-se análise de componentes principais, a fim de reduzir a dimensionalidade dos dados e gerar um índice com os parâmetros estudados. Observou-se que, nos pontos mais próximos a aglomerados urbanos, a água pode ser considerada ruim, ao apresentar diferentes parâmetros em desconformidade com a resolução CONAMA 357/2005, e, à medida que os pontos de coletas foram se afastando das cidades, a qualidade da água apresentou valores, para os mesmos parâmetros, dentro do recomendado pela referida resolução, o que indica que, no Rio Itanhém, o fenômeno da autodepuração pode ser observado. A ocorrência desse fenômeno não exclui os cuidados demandados por esse curso d’água, de modo que se busque monitorar e reduzir o lançamento direto de efluentes não tratados, na sede de Medeiros Neto e no seu distrito Nova Lídice, e tratados, próximo à cidade de Teixeira de Freitas, além de diversas atividades agrícolas e pecuárias desenvolvidas na bacia do rio, que tem como fator agravante a ausência de matas ciliares em diversos pontos.

Estima-se que a área total do Brasil coberta pela agrossilvicultura tenha sido de 7,84 milhões hectares (ha) em 2016, dos quais as diversas espécies de eucalipto representam 5,7 milhões (72,7%). A Bahia ocupa o quarto lugar no plantio de eucalipto, o que gera muita discussão referentes à sua influência no ciclo hidrológico regional, em virtude da demanda de água requerida nas plantações. Assim este trabalho teve como objetivo o zoneamento agroclimatológico conforme as exigências ambientais para o plantio de quatro espécies de eucalipto nos territórios de identidade do Extremos Sul e Costa do Descobrimento do estado da Bahia, Brasil. Foram utilizados sistemas de informações geográficas (SIG) para espacialização dos dados climáticos de temperatura, precipitação e evapotranspiração, aplicando-se a técnica de interpolação Krigagem ordinária para os dados climáticos. O zoneamento foi resultado do cruzamento destes dados climáticos com os dados de solos, relevo, altitude, unidades de conservação e uso de terra. Os mapas gerados proporcionam informações sobre as características da área de estudo e indicando as áreas adequadas para o cultivo de cada uma das espécies de eucalipto. As zonas de manejo na área de estudo foram determinadas classificando-as em alta aptidão, média aptidão, baixa aptidão e não apta. Na maior parte das regiões nordeste e sudeste da área de estudo, predominaram áreas alta aptidão para as quatro espécies de eucalipto estudadas, associadas a maiores precipitações no ano e maiores temperaturas e, consequentemente, com maior evapotranspiração. Os resultados indicam que as plantações de eucalipto podem ser um risco potencial para os recursos hídricos adjacentes em razão das altas taxas de evapotranspiração estimadas para cada espécie.

A água tem o papel fundamental para o desenvolvimento econômico de uma nação, além de ser essencial para a vida de todos os seres vivos. Atividades antrópicas, como o uso do solo, causam alterações nos parâmetros da qualidade da água. Neste estudo, foi avaliada a variabilidade espacial e sazonal dos parâmetros físicos, químicos, biológicos e microbiológicos, bem como, as possíveis relações entre os padrões do uso do solo e cobertura vegetal no Rio dos Frades, Bahia. As concentrações determinadas foram comparadas com os padrões estabelecidos pela resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente - CONAMA nº 357/2005. Os parâmetros oxigênio dissolvido, pH e demanda bioquímica de oxigênio ficaram em desacordo com valores estabelecidos pela legislação, nos locais que sofre maior interferência das zonas urbanas dos municípios de Guaratinga e Itabela.  A análise de componentes principais indicou que os parâmetros avaliados apresentam comportamento distinto de acordo com a precipitação, nos quais a série nitrogenada se correlacionou com o período chuvoso enquanto a turbidez com o período seco. A classificação supervisionada do uso do solo e cobertura vegetal, revelou a forte pressão antrópica sofrida pelo rio, causada principalmente pela agropecuária.

O crescente aumento e diversificação na produção dos resíduos sólidos urbanos-RSU, atrelado as mudanças de hábitos de consumo, tem tornado a disposição final deste, um dos principais desafios a serem enfrentados no mundo. Em grande parte dos municípios no Brasil, esse problema se agrava devido ao despejo inadequado a céu aberto sem o tratamento apropriado. Essa realidade não é diferente para Porto Seguro – BA, que possuiu um aterro sanitário e foi descontinuado, tornando-se um lixão a céu aberto e está provocando diversos problemas ambientais. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho foi realizar um estudo de impacto ambiental do sistema de disposição final dos resíduos no município, propor um modelo dinâmico e estimar a geração e o retorno financeiro proporcionados pelos resíduos sólidos no local. As metodologias de verificação de impacto adotadas foram o Índice de Qualidade de Aterro de Resíduos (IQR) da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) e análise espacial utilizando o software QGIS, enquanto que, a construção do modelo dinâmico se deu no software STELLA, considerado aspectos referentes ao sistema vigente da disposição final e os componentes produzidos caracterizados conforme a metodologia proposta pela NBR 10.007 da ABNT. Os resultados indicaram que o local apresenta condições inadequadas, não atendendo aos requisitos mínimos das normas técnicas para gerenciamento de resíduos quanto aos aspectos socioambientais. A análise espacial constatou a presença de núcleos habitacionais no entorno do local, a proximidade de hidrografias, entre elas o Rio Buranhém futuro manancial para abastecimento da região e que apresenta significativa importância para o território da Costa do Descobrimento. O estudo também indicou a presença predominante de matéria orgânica para os três setores analisados. Nos hotéis situados na orla foram encontrados uma quantidade significativa de materiais como plástico, PET, papel e papelão. A produção diária dos resíduos nos períodos de baixa temporada é de 150 toneladas e de alta temporada é de 212,5 toneladas, com produção per capita média de 1,5 kg/dia. A modelagem indicou o acumulado de 1.467.657.296,23 kg ao final do período de 20 anos, sendo que 651.233.215,86 kg de resíduos orgânicos, que correspondem a 44,37% do total gerado. Dado o exposto, conclui-se que, os resíduos provenientes da população local são predominantemente orgânicos, podendo serem estes, destinados para geração de energia e/ou para produção de adubo através do processo de compostagem. Ao passo que, os resíduos produzidos pelo turismo podem ser reaproveitados através da reciclagem, colaborando para diminuir os resíduos sólidos que são destinados ao lixão. Uma vez que, pela quantidade de RSU produzida, o próprio aterro poderia ser mantido com a reciclagem e reuso dos materiais. Ademais, é necessário estabelecer estratégias e adotar medidas que atendam a demanda local e assegurem a gestão e o manejo adequado dos resíduos.

O ser humano utiliza espécies vegetais para tratamentos medicinais há muito tempo e diversas substâncias já foram isoladas, entretanto, muitos compostos ainda encontram-se desconhecidos diante da grande biodiversidade existente no reino vegetal. Tais compostos oriundos de vegetais podem ter ações benéficas sobre a saúde humana, como o de ação antioxidante e de inibição de enzimas como a α-glicosidase. Essa enzima, juntamente com a produção excessiva de radicais livres no organismo, estão associados à processos patológicos como diabetes, obesidade, doenças cardiovasculares, neurodegenerativas, infecções pelo HIV e tumores. Assim, esta dissertação apresenta um estudo dividido em dois artigos, onde o objetivo do primeiro artigo desta pesquisa é encontrar espécies vegetais bioativas da Mata Atlântica do Sul da Bahia que apresentem compostos fenólicos ou flavonoides com ação antioxidante. Com base nisso, amostras de Copaifera lucens, Neomarica portosecurensis, Miconia albicans, Croton celtidifolius e Schnella angulosa, foram analisadas quanto à atividade antioxidante através do método de sequestro com o radical livre DPPH, e avaliação dos teores de fenólicos e flavonoides totais, além de análise química em CLAE-DAD para identificação e quantificação de ácidos fenólicos. Os resultados indicam que as folhas das espécies C. lucens (branca) e M. albicans, o caule da S. angulosa e o látex da C. celtidifolius possuem forte atividade antioxidante. Além disso, foi possível identificar o ácido 2-hidroxi cinâmico em todos os extratos das espécies S. angulosa, C. lucense M. albicans através da análise em CLAE-DAD. O segundo artigo apresenta uma revisão acerca das plantas brasileiras com avaliação in vitro frente a enzima α-glicosidase no período de 2009 a 2019 utilizando as bases de dados da Scopus, Science Direct Journals e Scielo. As espécies que apresentaram valores de concentração mínima inibitoria (IC50) inferiores a 50 μg/mL nos artigos publicados, foram definidas como inibidores mais intensas, revelando plantas brasileiras que podem atuar como candidatas para o tratamento do diabetes e no desenvolvimento de medicamentos.

Os processos de ocupação da floresta atlântica implicaram em grande perda da biodiversidade, por sua vez, em Caravelas na APA Ponta da Baleia/Abrolhos, região do Extremo Sul da Bahia, não foi diferente. As comunidades tradicionais são importantes para descrever, em detalhes, a complexidade do espaço e a interação entre o ser humano e a floresta. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi realizar o levantamento das plantas utilizadas por pescadores desta área, no intuito de entender quais são e para que são utilizadas, além de entender quais as implicações do uso de plantas para o seu sustento e para a conservação da biodiversidade local. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas, de acordo com a técnica “Bola de Neve”, nas comunidades da sede do município, bem como em Ponta de Areia e Barra de Caravelas. As espécies citadas foram coletadas, prensadas, identificadas e depositadas no herbário Prof. Geraldo C.P. Pinto (GCPP). Os dados da pesquisa seguiram uma abordagem quali-quantitativa, de forma que foi calculado o Índice de Valor de Uso (VU). Para tal foram realizados dois trabalho, um artigo apresentando os dados quantitativos da pesquisa e um memorial com todo material qualitativo, como históriase tradições coletadas. Foram levantadas 129 espécies vegetais, pertencentes a 48 famílias botânicas, em 89 entrevistas, bem como levantadas onze categorias de uso, sendo a mais citada a de uso medicinal (47%). Foi possível verificar que os entrevistados do gênero feminino citaram maior número de espécies vegetais de porte herbáceo (100%) e os do gênero masculino espécies de porte lenhoso (57,77%). Das dez espécies com maior VU, nove são nativas, o que denotou alta importância cultural. Da mesma forma, foram coletadas informações sobre como a comunidade seleciona as plantas, sobre a implicação do uso da flora para a geração de renda e conservação e a relação dessa comunidade com as matas da APA PB-A. Observou-se que os pescadores selecionam as espécies a partir de um conhecimento antigo, passado de geração em geração, bem como tem costume de realizar experimentações totalmente empíricas baseada na fala de um ou outro comunitário e do que aprenderam com familiares. Estes possuem amplo conhecimento no que se refere ao uso de espécies vegetais, sendo este um conhecimento repassado através das gerações.

Atualmente, uma das principais problemáticas que impacta de maneira negativa o mundo em que vivemos diz respeito aos resíduos, sobretudo quando a sua decomposição ocorre sem o tratamento adequado produzindo, dentre outras coisas, o biogás que apresenta em sua composição o gás metano (CH4) que é um dos principais gases do efeito estufa. Esse problema se elevou em razão do crescimento populacional que provocou o aumento na geração dos resíduos sólidos (RS) e problemas no gerenciamento adequado destes, especialmente nos países em desenvolvimento. A partir desse problema, o trabalho tem como objetivo descrever a construção de um modelo dinâmico para estimar a emissão do gás metano e projetar a sua emissão para os próximos vinte anos no município de Porto Seguro – BA. Assim sendo, o modelo aqui proposto associa e estimula as discussões relacionadas à modelagem dinâmica dos resíduos sólidos. Os dados utilizados para alimentar o modelo foram obtidos através da caracterização gravimétrica dos RS de três setores de coleta representativos produzidos no município. Os dados da análise contribuíram para com a definição de parâmetros para a construção do modelo dinâmico. Os resultados da pesquisa visam colaborar para com a execução de políticas públicas socioambientais de maneira mais eficiente bem como tem como objetivo tornar essa execução mais rentável e viável para o município escolhido.

A supressão da cobertura vegetal nativa e a sua substituição por culturas agrícolas, dentre outros usos da terra, podem promover a erosão do solo e interferências no ciclo hidrológico de uma bacia hidrográfica. Entretanto, algumas dessas áreas degradadas têm o seu uso permitido pela legislação ambiental, enquanto há áreas que não poderiam ter sido desmatadas devido às suas restrições legais de uso. Convém saber então, como identificar quais dessas áreas podem ser utilizadas e quais delas precisam ter a sua vegetação original recuperada. Neste sentido, o objetivo deste estudo consistiu em aplicar técnicas de Análise Multicritério para identificar as áreas prioritárias para a recuperação da vegetação nativa, na bacia do rio Buranhém, situada nos estados de Minas Gerais e Bahia. Inicialmente, foi necessário realizar a delimitação da bacia hidrográfica e identificar a sua rede de drenagem. Para tanto, foi avaliada a acurácia dos métodos de delimitação automática a partir do uso de modelos digitais de elevação (MDEs), sendo que os resultados foram comparados com aqueles obtidos pela vetorização manual. Também foi feita a identificação de áreas com restrições de uso e de supressão da sua cobertura vegetal nativa, como as Áreas de Preservação Permanente (APPs) e de Reserva Legal (RL), verificando se há conflitos de uso da terra. Além das APPs e RLs, também foram incluídos na modelagem espacial, outros oito critérios, cuja ordem de importância foi estabelecida conforme os pesos obtidos a partir do Processo Analítico Hierárquico (AHP). A modelagem foi elaborada com técnicas de álgebra de mapas aplicada com o método da combinação linear ponderada (CLP), em um ambiente SIG, resultando em um mapa-síntese com a hierarquização das áreas prioritárias para a recuperação. Os resultados apresentados neste estudo podem auxiliar os órgãos competentes na investigação dos casos com indícios de descumprimento da legislação ambiental, como também podem auxiliar no planejamento de bacias hidrográficas, otimizando a aplicação de recursos e esforços destinados à recuperação de áreas degradadas prioritárias.

A baixa disponibilidade no mercado de sondas multiparâmetros de baixo custo que permitam a coleta de dados e acesso aos seus resultados em tempo real remotamente levou ao desenvolvimento dessa pesquisa. Este trabalho apresentou uma contribuição na criação e implementação de um sistema integrado (hardware e software), batizado de Polypus, que se baseia na análise de águas superficiais através do uso de sensores de temperatura, pH, salinidade, eletro condutividade, oxigênio dissolvido e sólidos totais dissolvidos em plataforma microcontroladora, visando sua aplicação em um sistema hídrico para avaliação dos resultados em suas variações temporais e espaciais. Para atender a proposta primeiramente foi criado um protótipo de um sistema integrado dotado de sensores fabricados pela empresa Dfrobot em plataforma Arduino Mega. E por fim desenvolvido um programa para controle do sistema integrado bem como armazenamento/transmissão dos dados coletados. A pesquisa foi realizada em laboratório e as amostras das águas avaliadas provenientes da foz do rio Buranhém, do rio Mundaí e da Empresa Baiana de Águas e Saneamento (EMBASA). O Protótipo conta ainda em sua estrutura com módulo de transmissão de dados GSM SIM800L, módulo de armazenamento micro-SD, alimentação de duas baterias externas, um módulo sensor shield e visor LCD. Os dados foram obtidos a partir do protótipo Polypus e da sonda multiparâmetros Hanna HI 9828. Os resultados foram confrontados e por meio de comparação simples pôde-se verificar um comportamento análogo dos dispositivos, demonstrando que não houve diferenças significativas nos resultados. O custo obtido do protótipo foi de aproximadamente R$ 1.500,00 versus o custo de uma sonda multiparâmetros que é de aproximadamente R$ 10.500,00. Os resultados apresentados até o momento mostraram a confiabilidade no uso do protótipo desenvolvido a baixo custo nos projetos de análise ambiental.

O presente estudo busca compreender a sistemática que envolve a legislação da proteção ambiental, inclusive do bioma Mata Atlântica, mediante a constatação da situação dos imóveis rurais na região do extremo sul da Bahia. Descreve-se de que forma o Ministério Público atuou para a recomposição das áreas de preservação permanente e de reserva legal, por meio de termos de ajustamento de conduta (TAC), nos quais os responsáveis pelos imóveis se comprometeram com sua regularização ambiental. A escolha do tema surgiu da necessidade de avaliar o cumprimento dos compromissos assumidos, por meio de mecanismos que possibilitem realizar um monitoramento das áreas ambientalmente protegidas, com a consequente garantia do direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Em que pese a obrigação do Ministério Público de fiscalizar os TACs, para estes instrumentos não existem meios normatizados para o monitoramento ambiental. Para suprir essa lacuna, por meio dos resultados obtidos, a pesquisa propõe um método de análise para verificar o cumprimento do Novo Código Florestal. A metodologia utilizada nesta pesquisa consistiu na revisão bibliográfica e normativa, bem como na análise e comparação de imagens do Google Earth entre mais recentes disponíveis e de datas próximas aos TACs firmados em 2012, abrangendo 318 imóveis rurais. Os arquivos vetoriais foram extraídos do Cadastro Estadual Florestal de Imóveis Rurais (CEFIR) e realizou-se uma avaliação qualitativa da comparação das situações das áreas de preservação permanente e de reserva legal. Os resultados indicam que em 128 (40,25%) do total de imóveis rurais, houve a manutenção da situação das áreas protegidas; em 75 (23,58%) ocorreu um aumento da cobertura florestal; em 14 (4,40%) houve um decremento da vegetação; não foi possível realizar as análises em 101 (31,76%) áreas. Mesmo que as recomposições estejam dentro do prazo previsto na legislação, a grande quantidade de manutenções das situações das áreas de preservação permanente e de reserva legal pode indicar que outras ações precisam ser adotadas, para além dos termos de ajustamento de conduta, para a correta adequação ambiental de imóveis rurais. Na constatação do decremento da cobertura florestal, impõe-se uma fiscalização imediata na área pelo órgão ambiental competente. Nas hipóteses de aumento, manutenção ou prejudicialidade das análises, o Ministério Público poderá notificar o compromissário do TAC para que adote medidas para a inscrição do imóvel rural no CEFIR ou proceda correções do cadastro. Não sendo o caso de fiscalização ou de notificação, apenas haverá um acompanhamento da situação ambiental dos imóveis com um monitoramento futuro. Nesse sentido, os resultados propõem que ocorra a notificação do compromissário para realizar a inscrição ou correções do CEFIR em 204 (64,15%) das análises.; 64 (20,12%) casos apontam a necessidade de uma fiscalização pelo órgão ambiental; e em 50 (15,72%) imóveis será dada continuidade ao monitoramento. Concluiu-se que, mesmo que exista um hiato entre a intenção do legislador e o que se observa na prática para a proteção ambiental, essa pesquisa demonstra que existem ferramentas que podem auxiliar na real implementação das leis, inclusive com implicações práticas positivas ao desempenho das funções do Ministério Público.

As atividades antrópicas afetam fortemente os ecossistemas aquáticos, provocando alterações na sua forma, composição original, além de comprometer as comunidades ali existentes. Além disto, estressores ambientais são importantes bioindicadores da saúde de inúmeros organismos, tais como os recifais, já que estes respondem fisiologicamente a estas condições. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi estudar os efeitos do aumento de nutrientes inorgânicos dissolvidos e da temperatura na tolerância de larvas de Agaricia humilis. O estudo foi conduzido no microcosmo do Projeto Coral Vivo, simulando condições de concentração de nutrientes de 8,5 e 46 µmol L^-1 para amônio e 1 e 8 µmol L^-1 para nitrato, bem como as misturas, em soluções preparadas com água salina sintética, e temperatura de 32°C e 26°C, aos quais submetemos as larvas. Como resposta observou-se, para mortalidade um efeito significativo da temperatura (até 78% a 32ºC). Contudo, as larvas livres nadantes sobreviventes apresentaram maior dano oxidativo em altas concentrações de nutrientes e baixas temperaturas. Com isso, esse estudo evidencia a importância do monitoramento dos ambientes recifais, além da necessidade de um estudo mais detalhado da saúde fisiológica dos corais, uma vez que apenas as taxas de mortalidade não expressam a consequência de estressores globais e locais na sobrevivência de corais.

A Constituição Federal de 1988 consagra o meio ambiente como um direito fundamental, atribuindo ao Poder Público e à coletividade o dever de protegê-lo. Dentro da normativa constitucional observa-se a instituição de competências comuns para a gestão ambiental, determinando um conjunto de mecanismos que buscam a proteção integral dos ecossistemas. Aparentemente, essa garantia constitucional não consegue resguardar os recursos naturais contra o consumismo exacerbado e a exploração desenfreada, criando-se um sistema em que o Poder do Estado, além de não coibir danos ambientais, por vezes promove o uso irracional dos ecossistemas. No contexto local, os Municípios possuem responsabilidade objetiva de gerir os recursos naturais de forma compartilhada com os demais entes estatais. Não obstante, observa-se que, o Município de Porto Seguro tem se omitido quanto a esse dever e ainda promove o uso irregular da Zona Costeira ao emitir alvarás para construção, funcionamento, sanitário, entre outros para empreendimentos que ocupam a Orla de forma irregular. Assim, a presente pesquisa tem como objetivo analisar as sentenças prolatadas em sede de Ação Civil Pública e verificar a responsabilidade do Poder Público diante da ocupação irregular e da exploração econômica de terreno de marinha e praia, tanto por pessoas físicas quanto jurídicas de Direito Privado, especificamente na Orla de Porto Seguro/BA, bem como aferir se na prática este Instituto Jurídico Processual, de fato atende sua finalidade de proteger o meio ambiente. Para compreensão da temática proposta foi realizado um levantamento teórico com intuito de analisar a) a repartição de competências, b) a responsabilidade ambiental, e c) o gerenciamento da Zona Costeira. Foi realizada também uma pesquisa documental no sítio eletrônico da Justiça Federal em Eunápolis, em que, se apurou o número de 75 Ações Civis Públicas, que forneceram dados para análise das decisões judiciais que determinaram a manutenção ou demolição das barracas de praia. Os resultados da pesquisa indicam que a omissão dos entes Públicos envolvidos na relação processual contribuiu para ocupação e edificação de empreendimentos econômicos de forma irregular, causando danos ambientais em área de proteção permanente como supressão de restinga, aterro de mangue e rio, além da privatização de faixa de praia, ao criar obstáculos à circulação de pessoas. Os processos indicam a continuidade das atividades lesivas, mesmo diante de uma sentença, em razão da interposição de recursos pelos réus. Constata-se que, a Ação Civil Pública é um instrumento processual de proteção ambiental eficiente para indicar o responsável pelos atos danosos, identificando os agentes que dão causa ao dano, no entanto, possui limitações e encontra obstáculos diante da morosidade do judiciário e do próprio rito processual, que faz com que os processos levem cerca 9 anos para uma sentença, sem identificar detalhadamente o tipo de dano ambiental existente, em razão da inexistência de perícia, na maioria das ACPs. Para defesa do meio ambiente na costa porto-segurense é necessário que a judicialização da questão ambiental se torne uma exceção, o que somente é possível diante de uma gestão proativa do Poder Executivo municipal, exercendo plenamente as atribuições determinadas pela legislação, promovendo políticas plúbicas e provocando uma mudança do padrão de exploração econômica da Zona Costeira pela sociedade.

As áreas marinhas protegidas (AMPs) representam uma importante ferramenta de manejo dos recursos naturais ameaçados, podendo abrigar funções vitais para a provisão do bem-estar humano. O presente estudo pretende valorar o turismo no Parque Natural Municipal Recife de Fora (PNM Recife de Fora), destacando o impacto econômico desse serviço ecossistêmico na comunidade de Porto Seguro, Bahia. Foi realizada uma revisão bibliográfica sistematizada, reunindo informações de publicações que versaram sobre a valoração do capital natural em áreas marinhas protegidas. Os estudos de casos analisados foram cruciais na escolha da metodologia adotada, que segue as diretrizes da Disposição a Pagar (DAP). Através da aplicação de 136 questionários, foi analisada a disposição dos usuários em pagar pela manutenção e conservação do PNM Recife de Fora, baseando-se em variáveis de segmentação socioeconômicas e percepção dos bens naturais presentes. Foi aplicada ainda uma regressão logística para determinar quais das variáveis influenciariam de maneira significativa na decisão entre estar disposto a pagar ou não. Como resultado estimou-se uma maior inclinação à DAP positiva, no valor até R$ 10,00, o que demonstra de maneira geral, o reconhecimento do parque como um patrimônio natural importante. Aqueles com maior nível de instrução mostraram-se propensos a contribuir com valores maiores, sendo significativo também a idade dos entrevistados.  A população de interesse, revelou um conhecimento razoável dos serviços ecológicos prestados pelo parque, sendo o sequestro de carbono, o benefício mais reconhecido. A classificação do PNM Recife de Fora como um dos atrativos turísticos mais procurados pelos inquiridos, também revela o impacto do mesmo na comunidade, o que em conjunto com as demais informações coletadas nesse trabalho pode gerar subsídios para a avaliação, elaboração, melhora na execução de políticas públicas ambientais, programas de responsabilidade socioambiental em prol da melhoria do parque. 

Este estudo busca compreender o fenômeno contemporâneo ecovilas em uma perspectiva prático-teórica por meio do cruzamento de informações entre o levantamento da produção bibliográfica do ultimo decênio acerca do tema e o estudo de caso deuma ecovila. Examinando os textos sobre ecovilas e as práticas de um grupo de indivíduos e seus componentes, é permitido verificar a projeção e a definição de ecovila quanto fenômeno comtemporâneo e identificar os principais problemas relacionadas a gestão sustentável de uma ecovila. Esta pesquisa contribui para a triangulação da temática ecovilas e gestão sustentável nos níveis teórico e prático e oferece uma definição atualizada de ecovilas. São levantados os principais problemas e discutidas a importância dos conflitos e da compreensão de sustentabilidade prática para a governança de uma ecovila e seus desdobramentos nos acordos de convívio via pesquisa qualitativa. Como resultado, aufere-se que as decisões de governança das ecovilas, por conta do seu compromisso perene com a sustentabilidade, são complexas e tem de apreciar não apenas as dimensões ecômica e social, mas também ecológica, cultural, organizacional e de visão de mundo de seus membros.

O crescimento urbano desordenado e suas consequências no campo, como a agricultura industrial e a monocultura, são os principais causadores da problemática na maneira de utilização do solo. Desta forma, o monitoramento e avaliação temporal do uso e ocupação do solo são fundamentais para um planejamento e reestruturação do território em bases sustentáveis. Através do conhecimento de uso do solo, é possível adquirir informações a respeito dos níveis de conservação e antropização de uma determinada área. Com base nessa problemática, objetivou-se analisar a influência das alterações do uso e ocupação do solo no desenvolvimento socioeconômico dos municípios do Extremo Sul da Bahia, que vem passando por diversas transformações sociais e econômicas ao longo da sua história com a exploração dos recursos naturais e ocupação das terras. Utilizou-se dados de uso e ocupação do solo dos anos de 1990, 1994, 2002, 2006 e 2013, disponibilizados pelo Fórum Florestal do Extremo Sul da Bahia, e dados socioeconômicos dos anos de 1991, 2000 e 2010, obtidos no Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil, sendo eles correlacionados, por correlação de Pearson (r), através do pareamento dos dados de uso e ocupação do solo com os dados socioeconômico de 1990/1991, 2002/2000 e 2013/2010, respectivamente, com intuito de quantificar as mudanças ocorridas na região. O território de Alcobaça revelou o eucalipto como sendo a classe de maior ocupação territorial entre 1990 e 2013. Caravelas, Mucuri e Nova Viçosa apresentaram predominância a pastagem suja, contudo a classe de maior crescimento é o eucalipto. As cidades Itamaraju, Jucuruçu e Prado apresentaram os maiores indicie de degradação, pois as áreas de florestas foram substituídas por pastagem. Adinâmica do solo, de maneira geral, demonstrou o gradativo aumento da monocultura na região em detrimento sobretudo, das pastagens, das florestas em diferentes estágios e em menor escala, da agricultura. Na análise de correlação da influência da alteraçãodo uso e ocupação do solo e o desenvolvimento socioeconômico, nota-se que o aumento do IDHM acompanhou o aumento das áreas da monocultura do eucalipto, assim como o aumento da qualidade das pastagens, troca do pasto sujo pelo pasto limpo. A redução da desigualdade, índice GINI, também teve um comportamento muito similar. De maneira geral observa-se que o aumento do desenvolvimento socioeconômico acompanhou uma forte degradação ambiental, o que sugere que o modelo de desenvolvimento econômico adotado no município é baseado na perda de qualidade ambiental. Diante disto, existe a necessidade da construção de outro modelo de desenvolvimento, que considere a sustentabilidade em seus aspectos sociais, culturais, pois este modelo tem forte pressão no meio ambientee em sua perda de qualidade.

Os conhecimentos da vulnerabilidade de uma determinada região aos desafios em saúde, ajudam a antever cenários, planejar melhor, definir e operacionalizar estratégias de enfrentamento. Este estudo desenvolveu um índice de vulnerabilidade socioambiental “verde” (IVSA+V), considerando três dimensões, demográfica, sanitária e ambiental, na microrregião de Porto Seguro, Bahia, por meio de dados secundários de dez variáveis (Cobertura Arbórea Urbana; Índice de Desenvolvimento Humano Municipal; Índice de Desenvolvimento da Educação Básica; População Estimada; Densidade Populacional; Esgotamento sanitário; Coleta de Lixo; Estabelecimentos de Saúde do SUS; Mortalidade Infantil e Arboviroses), disponíveis em sítios de agências públicas. O conceito de vulnerabilidade trata-se de um termo ainda em processo de construção, uma vez que é usualmente aplicado para diversas áreas do conhecimento, e que pode ser delimitado de acordo com sua utilização em diversos campos que necessitam desta pluralidade e variedade. O IVSA+V é um índice sintético para considerar a interação entre os dados sóciodemográficos, sanitários e ambientais, mas considerando a cobertura arbórea urbana como um dos determinantes na avaliação da vulnerabilidade. Os municípios de Itagimirim, Itamaraju, Itanhém, Lajedão, Mucuri, Santa Cruz Cabrália e Vereda apresentaram um IVSA+V baixo, enquanto o IVSA+V foi moderado para a maior parte das cidades: Alcobaça, Caravelas, Eunápolis, Guaratinga, Ibirapuã, Itabela, Itabela, Jucuruçu, Medeiros Neto, Nova Viçosa, Porto Seguro, Prado e Teixeira de Freitas. Esses resultados vão ao encontro de um estudo recente intitulado “Metrópoles, cobertura vegetal, áreas verdes e saúde”, área de estudo que vem ganhando destaque, indicando que um ambiente mais “verde”, melhora a resiliência das cidades e suas populações, influenciando positivamente na qualidade de vida e na saúde.